quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Dia “de”

Quando eu era puto os únicos dias “de” eram o Natal, o meu dia “de” anos, o dia “de” começo das aulas e o dia “de” começo das férias.
Depois, cresci um bocadinho, e só por acidente, comecei a perceber que acabava com as minhas namoradas de inverno invariávelmente a 19 de Junho.
Poderia ter-lhe chamado o dia “de” qualquer coisa…tipo…dia “de” Abertura do Verão Inconsequente, ou algo do género…

Depois, cresci, ainda mais um pouco, não muito, mas o suficiente para dar o nó. Aí tive que inserir alguns dias “de” no protocolo, porque assim o é…

Depois…não, não cresci. E aí os dias “de” passaram a ser os dias de de anos dos meus amigos e de a quem quero bem. E mais nada.

Ao lado, na rádio e na tv, comecei a perceber que existiam por aí, instituídos, mais dias “de”… como o Dia Internacional da Mulher ( porque não do Homem?), Dia Internacional da Criança, Dia “de” o Pai, dia “de” a Mãe, e, finalmente, o Dia “de” S. Valentim.


Ok.
Só o festejei uma vez, por graça, há uns anitos, respeitando os dois passos. E eis a minha impressão:

Flores: filas intermináveis, mesmo nas mais lojas mais trendy, para chegar a um balcão onde nos entregam autênticos molhos de hortaliça, que levamos para o carro a tropeçar nos buracos da calçada, porque os olhos não nos saem daquela autêntica porcaria que nos custou o equivalente ao jantar.
Ao chegar ao pé da criatura, com a vergonha, a única atitude elegante é dizer mal daquilo que está já em voo elíptico para o banco de trás. E rir, a dois, do facto do ramo de flores mais feio que no passou à frente ser aquele.
Bom humor… sempre necessário.

Restaurantes: para não ser um dos habituais, porque o dia é diferente, escolhe-se um outro. Mesmo com marcação, é óbrigatória a pose de matraquilho à porta, juntamente com vários outros parzinhos, todos encostados como pinguins no meio duma tempestade antártica…(Ainda bem que a data se festeja no Inverno). Surpresas agradáveis: Um gajo vai olhando para as mesas e vai vendo algumas caras conhecidas em enlaces insuspeitados ( olha aqueles dois… quem diria…).
Sentados, o stress, o pivete a testosterona e adrenalina do empregado é o hors-d’oeuvre que nos cerra o apetite para o que de intragável se segue preparado por quem na cozinha está também a dar o seu litro de suor…

Romântico, não é?

Dias “de”, nunca mais. A sociedade de consumo que se autofagize sem mim… please.

15 comentários:

Anónimo disse...

E é o dia de aniversário do meu sogro... Parabéns!

Rocket disse...

Ora aí está algo a ser festejado. A data de nascimento do Pai do Joãozinho...

Maria Manuela disse...

Para mim todos os dias são dias de...
Gosto de me lembrar das pessoas pelo simple facto de que gosto delas, gosto de oferecer presentes sempre que me apetece. Para mim só há 4 dias de:
dia de Natal, dia de aniversário (meu e dos amigos) e se nestes dias não se lembram de mim fico mesmo f*****

e dia do pai e da mãe, porque o meu pai é a pessoa mais mimada que conheço e amua e faz birra e porque ele é assim e já não há volta a dar. Por factor de não discriminação, também se asinala o dia da mãe...

Quanto ao dia 14 deste mês, já o passei das mais variadas formas, sozinha, acompanhada, com amigos, com amigas, com amigos e amigas, mas sempre sem flores.

Anónimo disse...

"Dia Mundial da F***" ainda não existe porquê??

Anónimo disse...

Há tantos DIAS DE... que eu até já institui vários! Por exemplo, o Dia do Gato... que é quando A GATA (leia-se EU!) quiser! :-)

PS: como comentei no post anterior, hoje tenho fisioterapia... uma hora de tortura... pelo que quando sair da clínica, vou para casa e desligo-me do mundo!

Rocket disse...

Lively miss d

Quando o dep de marketing de alguma empresa de perservativos se lembrar, podes contar com um.
Sociedade de consumo...


Gata

Pobre gato... só um? Miaaaaauu! :-)

Magucha disse...

Para mim, é o dia "de" aniversário de uma prima minha. E o dia "de" rebentar balões vermelhos espalhados por todo o lado, e fugir das decorações pirosas com coraçõezinhos.

Trocar prendas e partilhar um jantar romântico com o namorado (ou equivalente) só no dia do ano aprovado pelas companhias de marketing é deprimente...

Ji disse...

Hoje, para mim, é dia "dos", "dos crentes"... eheh
Este dia é uma obrigação para tudo... Tenho pena que, muito boa gente, precise deste dia para se lembrarem que partilham algo com outra pessoa e , assim, usarem o factor surpresa!
O nosso Portugal não preza muito pela imaginação nem criatividade nas relações... É preciso dar tanta importância a este dia...

Beijo na bochecha!

Leonor disse...

Hoje é dia de dar cabo do "dia de" :)

Rocket disse...

Magucha
o teu comentário relembra a filosofia subjacente ao título deste blog... Somos escravos de quem quer ganhar a massa às nossas custas. Até o nosso amor é explorado...

Ji
Bochecha com marca de baton assegurada durante alguns dias..

mlee
Bora aí, partir a loiça!

Anónimo disse...

Só UM quê??? GATO ou DIA???

GATO, sim, é só um... :-)
DIA, como te disse, é quando eu quiser... ou melhor, quando as nossas agendas coincidem... :-)

Rocket disse...

Gata

Ainda bem que é só um... Gato.
E ainda bem que não é som um...dia. Não o disseste mas adivinho por ti.

Miau

Ju disse...

Eu sei que sou sempre do contra, é uma coisa que nasceu comigo!
É que eu adoro comemorar dias...
Quando não é dia de alguma coisa, eu invento.
Adoro comemorar todos os dias de... que existam e mais alguns que eu possa inventar.
Raios...porque é que eu sou assim, saloia!

Rocket disse...

Ju

Antes sempre-em-festa que com a mão alheia no ombro, de consolo. Mesmo que o motivo não seja consensual.
Gostar de festejar significa que estás de bem com a vida. Continua o teu path para a felicidade!

Ufa, que este já passou do com. 13...

Aham Brahmasmi disse...

Todos as datas comemorativas servem para a mesma coisa: Fazer-nos gastar nosso dinheiro. Por isso são completamente desnecessárias. Tirando que comprar presentes é realmente chato.