segunda-feira, 30 de junho de 2008

ricos por três dias

Sábado à noite tive a noção de viver num país de milionários. Não se conseguia estacionar o carro em lado nenhum, não se conseguia chegar a nenhum tampo de balcão e toda a gente vivia na pele a realidade de um árbitro dos emirados, ao exibir o cartão dourado a empregados brasileiros... porque português agora é rico e não serve ao balcão... A vida são dois dias, e com o subsídio...três.

...coisas de fim do mês...

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domingo, 29 de junho de 2008

nem tudo é mau, no aquecimento globau...

...a água, no mar, tem estado uma maravilha...

sexta-feira, 27 de junho de 2008

mesa em perigo

A minha cria pertence ao Greenpeace. Entre outras coisas, fiquei a saber que o tamboril é uma espécie ameaçada.

Qualquer dia fico sem ingredientes para os meus pratos...
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Perfeitinhos

Se eu tivesse nascido em Esparta, minutos após ter vindo ao mundo estaria despedaçado no fundo dum penhasco. O Silvester Stallone também. Tanto eu como ele nascemos com raquitismo. O Stephen Hawking, esse, poderia nem sequer passar do terreiro da casa onde nasceu. Seria esmagado ali mesmo, contra uma parede, e depois atirado aos cães. Sofre de esclerose lateral amiotrófica. Na Alemanha dos anos trinta, ele até teria sobrevivido, mas apenas inté o momento de existir uma vaga para ele entrar para um vagão com destino a Dachau...
Há dois anos uma amiga relatou-me o seguinte: Uma outra amiga sua, que eu não conhecia, tinha vários gatos e um deles estava a sofrer uma marcação violenta por parte dos outros. As feridas eram mais que muitas e ela não conseguia protegê-lo. Sofria o equivalente felino da trissomia 21...

Esparta era uma sociedade guerreira e não podia esperar dezoito anos para chegar à conclusão que, graças a uma vontade férrea de se ultrapassar, o Stallone se tornaria quase um sex-symbol e um ícone dos action man (que é termo com que já me mimaram à laia de velado insulto...). Em Esparta, a comida era pouca e a gestão de material de combate (homens) e fábricas do mesmo (mulheres) era uma prioridade. Andavam sempre em guerra.
A Alemanha de Hitler queria seguir o exemplo espartano e alargá-lo a toda a actividade humana da sociedade. Pretendia-se que a raça ariana fosse uma raça conquistadora de territórios e de riquezas, a herrenvolk, que subjugaria pela força todas as outras.
Deixo para outro tópico uma reflexão sobre racional-irracional, porque quero escrever, mesmo, sobre isto. E quando escrevo escrever, é o acto de pegar na vassoura... contudo, convém analisar o que motiva os gatos e outros animais a ostracizarem violentamente os menos válidos, quer atacando-os, quer desprotegendo-os, de forma a colocá-los à frente de outros predadores e assim poupar os mais capazes de perpetuar os bons genes da espécie...

Qual é a diferença entre a nossa sociedade e os exemplos referidos?
Pelos vistos... nenhuma, se nós deixarmos...
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quarta-feira, 25 de junho de 2008

Era o verão de oitenta e dois, mas na altura eu não pensava nisso.

Ela segurava a foto com uma suave firmeza. Sorria enlevada com aquele pedaço de papel, por entre o caos das fatias de cabelo claro. Amava a imagem do homem que segurava por entre os dedos através do cheiro a sexo que submergia o quarto. Naquela foto, iluminada pela tarde que ela devorou com o meu corpo, ele aparecia a vestir, sorridente, uma farda do exército suíço na caserna onde atrás apareciam os camaradas recortados pelos cantos da imagem e pela dentada do flash.
Pousou a foto, de costas, na mesa ao lado da cama de tecidos de ondas revoltas que nada tinham que ver com o mar liso que me entrava pela varanda enquanto a penetrava depois dela abrir, uma vez mais, os braços e o corpo.
O mundo encontrava-se calmo, como aquele horizonte azul. As pessoas navegavam nele como os longíquos barcos que se deslocavam imóveis.

Era o verão de oitenta e dois, mas na altura eu não pensava nisso.
Era apenas um puto de dezanove anos à descoberta de tudo.

Dias antes, pela mesma hora, dentro dum carro no poeirento terreiro que servia de estacionamento, com a Bebé... 
O calor era insuportável em Vilamoura, às quatro da tarde. Contudo, as janelas mantiveram-se fechadas até derretermos os dois.
Encharcado, apareci a seguir à frente dos meus amigos, na marina. Vermelhos, explodiam em adrenalina. Respiravam às golfadas enchendo muito o peito. Onde estavas tu? Precisámos de ti. Um gajo de bicicleta foi contra mim, e deu caldeirada, ali debaixo das arcadas. Eram mais que nós.
O André já não me falava há dias. Era com ele que tinha vindo acampar. Só fiquei uma noite na tenda, a primeira. Sentiu-se sem companhia e chamava-me devasso... coisas dessas. Mas abriu a boca para comentar a minha resposta com algo parecido com é sempre a mesma merda enquanto via os barcos, de olhos semicerrados... Só eu e o Fernando é que usávamos óculos escuros.
Eu, sobretudo, vítima da fotofobia de quem apenas usava a praia e a piscina para dormir, que as noites não eram para isso.
Essas começavam como meu regresso dos lençóis. Se não tinha jantado, lá repetíamos o nosso golpe, quase sempre nos mesmos sítios, atentos à mudança de turnos: depois de comer, sair, descontraidamente com os mesmos trocos que tínhamos no bolso. Na altura não havia multibanco...
A seguir, a discoteca mais chunga de Vilamoura. Qual Summertime, qual Kiss... mal chegávamos a esses sítios queríamos logo voltar para a Zebra. A savana era connosco... divertíamo-nos e cantávamos discalhada como esta...
À saída, as cadeiras e mesas de plástico dos aldeamentos... tudo para a piscina. Isso e as outras pequenas maldades...
De resto...como era possível a vertigem de envolvimentos em simultâneo numa noite de verão, com dezanove anos... como é o sexo tão belo, quando os lençóis que nos cobrem são os farrapos macios do mar cálido da madrugada de uma praia vazia... e o que se ouve é o tapete de água a alisar a areia...
E os cheiros... e a pele...as penugens...os cabelos...os sabores...os sussurros...os olhares. Todas poucos anos mais velhas que eu, o suposto aprendiz...

Um dia tentei fazer as pazes com o André. Eu iria dormir ao parque de campismo. Não lhe contei os pormenores: o facto da Veronique e da Françoise virem comigo para uma tenda que compraram só para aquela noite. Nunca tinham acampado e era uma variação engraçada ao apartamento.
O André continuou amuado.
A Françoise era casada com um grego, dono de um restaurante em Paris. Ela era chefe de compras da Fnac Paris e encheu-me, por correio, as poucas estantes que eu tinha com livros do Moebius. Ainda os tenho. A sua paixão distante durou meses.

Nesse verão nunca estive intimamente com nenhuma bifa. Francesas, belgas, portuguesas, suíças, suecas, portuguesas, norueguesas, espanholas, portuguesas, holandesas...mas... bifas, só as que via muito brancas, ao longe. Não me agradava o tom de pele, o sotaque rasca e deixava-as para o zezé camarinha.

Os amigos dessa altura mantiveram-se para a vida.
Um deles, na foto, já não se encontra entre nós, com muita mágoa nossa.

kiss me

Sexo puro e duro.
É só do que se fala, e do que se escreve.
Quando ouvia isto, conhecia lá o sabor
de um bom beijo... é muito bom.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

...obrigado.

Por terem correspondido ao meu apelo em "façam-me um favor...", a meio da tarde recebi duas propostas por telefone, quase em simultâneo, das nossas duas principais federações de futebol. Tratava-se do convite para assumir a Direcção de Marketing e Protocolo das mesmas. Como só podia aceitar uma, decidi-me pela mais prestigiada... a de Matraquilhos.

domingo, 22 de junho de 2008

país de machos...

Há muitos anos atrás, ao entrar num táxi, um amigo meu ficou satisfeito ao ouvir esta música, sintonizada no auto-rádio de cartucho. Após um minuto e meio a acompanhá-la mentalmente, viu o taxista a mudar bruscamente de posto, com um movimento enérgico do pulso.
— Música de paneleiros... — ouviu, em jeito de desculpa, enquanto uma pimbalhada escorria pelas fanhosas colunas...

sexta-feira, 20 de junho de 2008

façam-me um favor...

Não vos pediria isto se não fosse importante.

Pessoal, segunda-feira de manhã, pelas oito horas, esperam-me numa empresa que fica ali no quarteirão em frente. Vou cumprir uma colaboração mensal que dura entre duas e três semanas. Assim, às sete e cinquenta e dois encontrar-me-ei a sair pela porta do meu prédio, para depois, tranquilamente atravessar uma estrada, chegar a um passeio e esperar pelo sinal verde para peões, atravessar outra estrada e repetir o processo até chegar ao passeio da Miguel Bombarda. Aí, após trinta metros de caminhada, vou entrar num prédio, cumprimentar o porteiro e apanhar o elevador para o terceiro andar...

Sendo assim, peço-vos:

Não me venham esperar à porta do meu prédio. Aviso-os com objectivo de tornar ilegal qualquer situação do género. Quem me vier esperar e empatar o trânsito, sofre as penalidades previstas na lei referentes a aglomerações ilegais sem pré-aviso às entidades competentes.

Não me acompanhem de carro, moto ou a pé, durante o percurso descrito. Contribuem para a poluição, engarrafamentos de trânsito, mal-estar dos utentes da Cinco de Outubro... enfim, já não bastasse ser uma segunda-feira... além disso... quem me acompanhar de carro, moto ou a pé, durante o percurso descrito, sofre as penalidades previstas na lei referentes a aglomerações ilegais sem pré-aviso às entidades competentes.

Não me empurrem! Tenho uma energia super positiva, a sério. A minha deslocação pedestre é não-poluente, tenho um passo decidido, sou saudável e detesto que me toquem na rua numa segunda-feira de manhã. Além disso, como sabem, não pego de empurrão.

Não forcem a entrada no prédio onde vou prestar a minha colaboração. Um porteiro não é barreira para uma multidão. Haverá gente que queira entrar no edifício de escritórios para começar a sua semana de trabalho. Não os impeçam com aglomerações... além disso, o porteiro pegará automaticamente no telefone para chamar as entidades competentes que fazem cumprir a lei relativa a aglomerações ilegais, fazendo sofrer as penalidades previstas na mesma.

Não andem por aí com cópias da minha roupa. Tenho um estilo exclusivo que quero manter como tal.
Não coloquem bandeiras com qualquer elemento gráfico deste blogue, com a minha foto, ou até com a minha silhueta. Aos muçulmanos fundamentalistas peço o seguinte: não exibam citações escritas cuja génese a mim se refere em qualquer tipo de caligrafia artística.

Durante o fim-de-semana, nem pensem em ocupar o horário nobre das tv's nacionais com reportagens referentes à minha pessoa, directos nas praias onde estarei e invasão de privacidade das pessoas que me acompanharem. Não quero carrinhas de reportagem na minha rua. Não quero apresentadores a baterem-me à minha porta, nem à dos meus vizinhos. Se alguém assustar os meus gatos, está fodido. Não tenho nenhum compromisso comercial com nenhuma gasolineira e com nenhum banco, sendo assim, se aparecer algum anúncio onde eu for mencionado, eu mesmo trato do ataque legal.
O mesmo se aplica para as rádios, jornais diários e suplementos.

Segunda-feira não vou ficar lá o dia todo. À tarde desloco-me para outro lado, para fora de Lisboa ( ... nem pensem!)
De manhã, quando estiver a trabalhar, se por acaso, devido a alguma distracção de quem abre a porta da empresa onde colaboro, alguém entrar... que não pense em ficar a observar-me enquanto trabalho. Não me agrada assistência enquanto produzo. Contudo, posso estar tão absorto que não me dê conta da presença de alguém. Se assim for... silêncio absoluto. Nem um único som. Eu sei que a minha actividade se presta a mandar uns palpites, uns bitaites, mas não vos aconselho. Possuo um olhar fulminante...

Durante a colaboração referida, que pode ir até três semanas, Não quero ver uma única capa de revista com a minha foto, ou o meu nome, ou alguma menção à minha pessoa, à minha vida privada, ao meu passado, ao meu futuro, ou a alguém das minhas relações.

Não publiquem reportagens, não promovam debates, não mediatizem esta minha colaboração. Sei que a mesma é do interesse público, mas acreditem que é melhor assim...

Peço-vos isto tudo pelo seguinte:

O meu ramo de actividade atravessa uma crise profunda.
Qualquer avença, colaboração ou similar é extremamente importante para as partes envolvidas.
Se não cumprirem tudo o que vos peço, o resultado será este:
Garanto a qualidade da minha prestação em cinquenta por cento do total de trabalho envolvido, mas com a ingerência externa, que tento evitar, os restantes cinquenta por cento não conseguirei levar a bom termo.

Não necessito de apoio popular para fazer um bom trabalho. Nem de mediatização. Nem de slogans. Nem de campanhas. Nem de histeria colectiva.
Não necessito que parem um país por minha causa, por causa do meu trabalho.

Necessito apenas dum cheque ou de uma transferência bancária... como qualquer profissional.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

energia positiva...

Telefonema:
— Rocket, passei lá no teu blogue e reparei
numa palavra dum comentário...galpar...
...tem a ver com a Galp?

zoofilia

Um urso formigueiro encontrou um Cão Lobo. O Urso Formigueiro perguntou-lhe:
- Olha lá, porque é que te chamas Cão Lobo?
- Porque a minha mãe é uma loba e o meu pai é um cão.
- E tu como te chamas?
- Urso Formigueiro.
- Estás a brincar comigo, não?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Saltadores de Séculos Perdidos

É grave. Hoje não queria acreditar no que via e ouvia...

Está científicamente provado que o ser humano crê mais fácilmente num boato que em algo que assista mas que vá contra todos os fundamentos da sua realidade.
Tinha-me acontecido duas vezes, ao longo da minha vida.
Com esta são três.

Uma, de tão inacreditável, a minha memória quase a apagou... não por completo, porque vagamente me lembro duma gaja, que eu nunca tinha visto à frente, numa fila de pagamento do totoloto a declarar-se-me como se tivesse descoberto um príncipe ou o raio que parta...mas como aquilo foi ali para a Avenida do Brasil não liguei... ao ligar o evento à geografia...

A outra tem o seu quê de divertido: há alguns anos atrás, ia a uma churrasqueira cujos donos eram um casal já entradote, pelos sessenta e tais, que trabalhavam com as três filhas, no meio do fumo dos frangos, do sal, dos estalidos do carvão e dos chhh da água a apagar as chamas que iam brotando no meio da frangalhada... Resolveram pois partilhar, em voz alta, as memórias das suas proezas sexuais de juventude no meio dos sorrisos das filhas e dos olhares de incredulidade de quem se encontrava por lá na imensa fila que se comprimia contra o balcão..." E quando te esqueceste da marmita e ta fui levar a meio das escadas? Foi ali mesmo, com uma perna em cima do corrimão... que maravilha, aquilo eram duas e três vezes por dia, se não mais...agora...enfim..."

Quanto à terceira, a de hoje...
Pela tarde ouvi, da boca dum administrador de empresa de comunicação social, algo do género:
"Arte? Se calhar refere-se ao Dali e às parvoíces com que ele enchia os seus quadros... ou a picassos, van gogues e aos outros que tais, que aquilo eram só disparates, o que faziam...E vejo isso assim porque sou uma pessoa... normal..."

Para quem não tem jeito para datas, como eu, dou uma ajuda: Vicent van Gogh faleceu em 1890, Picasso em 1973, e Salvador Dali em 1989. Um no século dezanove, os outros dois no século vinte...

É claro que a coisa não ficou por ali, é que eu... gosto de ajudar e sou um pouquinho...zeloso.
Trata-se de comunicação social né? As crianças vêm... e um dia serão adultos...normais.
A pessoa em questão é por mim deveras estimada e não tem culpa de se encontrar mergulhado na cultura de uma sociedade que ainda não chegou ao século vinte... e sinceramente, olhando para o nosso universo cultural, para as televisões e para o que se promove, começo a acreditar que...

... vamos saltar mais um século...

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domingo, 15 de junho de 2008

sábado, 14 de junho de 2008

ecrãs gigantes

Tendo a França perdido com a Holanda por quatro a um, o realizador da transmissão televisiva resolveu, após o término, explorar o que de mais interessante acontecia no campo: o desalento francês.
Assim, começaram a aparecer, em paralelo com os tristes jogadores franceses vestidos de laranja ao terem trocado de camisola com os eufóricos holandeses, imagens de pessoas de azul cobertas de cachecóis, bandeiras, pintadas com garridas cores de guerra. Autênticas telas vivas num atroz contraste, ao exibir o mais miserável dos semblantes, ostentando um desânimo de fazer chorar as pedras (que eu sei que não somos...)...
Uns enfiavam a cara nos braços.
Outros depositavam longe o seu olhar quebrado e perdido...

E então... um milagre acontecia.

Aquelas madalenas a quem parecia ter falecido metade da família, de repente (sim, de repente!) Detonavam, aos saltos, numa explosão de alegria eufórica, acenando e esbracejando, fazendo saltar os cachecóis e a cor, abrindo muitos os olhos...
...Se me tivesse saído o euromilhões, eu, decerto, em privado e em silêncio, ficaria assim...

Tinham-se visto no ecrã gigante do estádio, e tão contentes com isso, agiram como se tivessem ganho o mundo...

...

Horas antes eu tinha ido às compras a um centro comercial na linha, ao supermercado. O amigo que me acompanhava desviou-nos do percurso para comprar tabaco e passámos por um stand no meio do shopping, onde com um design festivo, a palavra CASTINGS, aparecia pintada com brilhos, rodeada de estrelas, nos painéis da frente. Nos de trás, encontrava-se uma galeria de fotos de crianças, cada qual com a sua enorme estrela a acompanhar...não olhei com uma atenção de minúcia, mas, ao longe, pareciam-me crianças vulgares...
Uma amiga tinha-me contado que levara a filha a um casting e que no fim a informaram que as hipóteses da cria ser chamada para os altos voos que a levaram ali aumentariam exponecialmente duma forma brutal se a filha se inscrevesse num dos cursos que eles facultavam e que em seguida minuciaram sem deixar referir timidamente, e por último, os quatrocentos e tal euros do seu custo...
A minha filha também foi a um casting, embora limitado, para um filme de um realizador português. Tendo contactado na altura com figurantes e actores de segundo plano, ela ficou e transmitiu uma ideia de como as coisas decorreriam a um nível efectivo. Embora eu já soubesse. Aos vinte anos, também fui a um, e depois chamaram-me para o filme. Aí interpretei o papel de um membro da assistência de uma gala de entrega de prémios, de um polícia e até disse umas linhas como gangster...
Nunca mais repeti, mas foi engraçado, há vinte e tal anos atrás.
Dias antes, li, na Dica da Semana, uma entrevista com a mais recente girls band que a série dos Morangos lançou para o mercado de cérebros cansados. Lá elas minuciaram todo o processo de selecção e fiquei genuínamente impressionado como número de raparigas que concorreu. Era absurdo...
Ao longo da vida já tinha conhecido várias candidatas a misses. Quando andavam comigo eram apenas miúdas giras, mas um ou dois anos depois, quando as encontrava em qualquer lado, era com um tímido aceno com que nos cumprimentávamos, não fosse a plebe que as cercava aperceber-se da minha presença. Mas essas eram as que venciam. Havia outras, que eu com caridade ouvia os seus anseios de se passearem em fato de banho no casino a segurarem um molho de hortaliça... embora com muito boa vontade, o sítio mais prestigiado onde eu as imaginava a desfilarem era onde se encontravam, o chão do meu quarto...
Este país é um dos mais pessimistas que conheço. Talvez o mais, até. Contudo, sinto uma reviravolta no ânimo desta gente. A equipa que discute agora o Euro, independentemente do resultado, é um alimento para o nosso ego. Coloca-nos nos píncaros, enquanto andar a ganhar, e até depois...
As revistas de maior consumo são as em que aparecem as pessoas do brilho das luzes, da carreira artística, dos futebóis. Se eu quiser ser conhecido de um dia para o outro, basta sacar uma atriz de telenovela, e esperar os flashes. Lá no meu ginásio há várias, e por sorte, nenhuma é a mais bonita que para ali anda...

O sonho com a notoriedade é a nova droga e há quem pague por isso quatrocentos euros, o que dá para alguns jeitosos pacotinhos de coca ou um abastecimento de cavalo para um bom tempo. Para quem fuma charros, resolvia-lhe o problema para muitos meses...
Há quem pague mais até, em favores e em sacrifício dos estudos e dum futuro mais seguro.
As pessoas atropelam-se para aparecer. E mesmo estando fora do prazo, ainda possuem o seu maior trunfo, a sua maior vingança: os filhos.
É claro que existem crianças e adolescentes lindos (como é o caso da filha da amiga que referi) e a primeira coisa em que pensamos quando os vemos é na sua entrada num anúncio de algo. Mas não é desses que falo. É daqueles que são lindos só para os seus pais, como os que vi naqueles painéis...

Consultem as estatísticas. Estudem os números referentes à venda de ansiolíticos e antidepressivos. Com todas as crises, e pior, com o leque de falta de soluções que gentilmente nos disponibiliza quem nos governa, só vejo uma saída, inspirado no final do jogo entre a Holanda e a França, e noutros:

Coloquem câmeras em todas as ruas, e, no fim das mesmas...

...ecrãs gigantes...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

quinta-feira, 12 de junho de 2008

sardinhas alemãs

Tenho um amigo alemão que, há uns anos atrás, comprou um restaurante com jardim ali para as bandas do Castelo.
Por altura do Santo António, informado do carácter churrasqueiro da enorme festa popular, foi às compras ao hipermercado, e trouxe quase uma tonelada de sardinhas...

...alemãs.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Bronze II

Adormeci, ao sol, à beira da piscina...quem deitou soporífero no meu copo? Vingativos...

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O diabo é um gajo porreiro.

Barak, sem parar de aplaudir o fim da apoteose, dirige-se, eufórico, ao seu director de campanha, David Plouffe.
— David, é o glorioso começo... o glorioso arranque do glorioso começo.
— Barak, será até... "il grande finale" se cativarmos o resto da ala direita do partido...
— Sim...e?
— E... Tenho uma na manga. Infalível.
Barak sorri. Anda cansado, "infalível" acelera-lhe o batimento cardíaco... e o das mãos... uma na outra. Às vezes julga que as palmas estão a calejar, de tanto se aplaudir por essa América fora...mas agora não tem tempo para pensar nisso...
— Qual é?...Coreia?— Grita-lhe a pergunta numa discreta careta, através do bruáá da multidão. David responde-lhe com um indisfarçável olhar diabólico.
— O Irão.


E é assim...

Já não existe Guerra Fria. O comunismo morreu. Com ele foi-se o romantismo na política. Não haverá mais "Ches" no Ocidente.
Não que as raízes do conflito tenham acabado. Muito pelo contrário. O que provávelmente aí virá será motivado pelo ódio mais profundo, o ódio religioso. É por amor a Deus que se odeia mais. Viu-se isso aqui bem perto, na ex-Jugoslávia. Ver-se-á pior...

Mas não quero escrever sobre isto... hoje.
Interessa-me olhar, à minha maneira, para o que a política se tornou, ou voltou a ser, depois do socialismo: um mero e barato jogo, de interesses, rasca.
Já não estávamos habituados a nada disto... esquerda era esquerda e direita era direita. Sabíamos distinguir isso na postura, no discurso, na filosofia de quem andava por aí nessas lides. Agora não, a política voltou a ser o espectáculo de variedades dos ódios sorridentes, entredentes, das comadres dos partidos. Como o era, antes de Marx, Engels... da Comuna de Paris.
Mas como espectáculo é fraco, principalmente nas variedades em si.
Voltemos muito trás...O peso da religião sempre foi algo determinante até à Revolução Francesa. A Monarquia era justificada por Deus. A primeira revolução política teve assim um cunho religioso, com Lutero e Calvino. Quase na mesma altura, e em consequência, a República foi ressuscitada, no Norte da Europa, para se finar pouco depois...

...Ui que me estico... bem... Isto é um blog, a malta quer ir rir-se noutros, por isso tem que ser em versão resumida, a atroplelar coisas, como Cromwell, etc...

Isto tudo para afirmar que a política antes da revolução francesa era uma seca, e com o fim da mesma, voltou a sê-lo até à revolução industrial e ao senhor judeu de barbas grandes. Karl Marx.
O papão.
Ainda bem que existiu.
Em matéria de tiro curvo, costumo apontar para o céu, se quero atingir o telhado. Marx apontou para o céu. E lá se atingiu o telhado.
Sem Marx, não existiria social-democracia, classe média, férias, lazer, consumo, liberdade, política social, não estaria aqui a teclar convosco após ter vindo do ginásio e ter passado no Lidl, estaria a sair duma fábrica, ou ainda lá...ou talvez não, com a minha idade já estaria morto por uma sociedade cuja esperança de vida seria tão curta como um pavio, como no tempo de Dickens... sem contar com o prato do jantar...só batatas e já gozas... Se anda para aí tudo a curtir, após sete ou oito horas de trabalho diárias, bem pode agradecer ao barbudo. Quando se referirem aos comunas, lembrem-se disso. O homem não teve culpa do Estaline e do Mao...
Eles até não eram assim tão maus...estou a brincar. Eram péssimos.
Mas ser mau é apenas uma questão de chegar ao poder e ficar lá durante muito tempo...depois não se quer outra coisa, e até se mata por isso. E para matar nem sequer é necessário lá chegar, basta tomar-lhe o cheiro.
Barak Obama sempre me pareceu bom demais. Um americano com sangue negro, que iria passar a borracha final sobre os traumas da escravatura numa sociedade jovem, como o é a americana.
Um democrata. Simpático, humanista...um gajo porreiro.
O diabo...
O diabo é como Marx, mal-amado.
Porquê? Por acaso fez mal a alguém? Quem se lembra? Eu não...
Anjos e Arcanjos, na Biblía destruíam cidades. Matavam gente. Fulminavam. E andavam sempre de espada em punho. Os pobres dos diabos andavam com um tridentezito, nos quadros do Hieronymus Bosch, e ficaram depois gravados como tal na nossa memória, a apascentar almas más no inferno...uns criaditos de Deus que se aborrecia com eles porque, para se divertirem, vinham para aqui fumar um cigarrito nos intervalos e chatear a malta com propostas indecorosas, como aqueles putos que nos abordam na baixa que, mal educados, já tiveram para levar no focinho mais que uma vez...
Mas o diabo não é mal-educado. É um cavalheiro que aprendeu com os melhores, lá na escola de anjos. É simpático, polido, atencioso, transpira charme. Cativa.
Como Barak Obama.

Estive caladinho este tempo todo em relação ao futuro presidente dos EUA. Não me parece conveniente avançar com opiniões sem fundamento. Mas agora, depois de o ter visto a comportar-se como uma puta rasca a mostrar as mamas a velhos babosos... É que isto do vale-tudo, só na guerra.
Uma coisa é ver uma amiga a ser aborrecida por um mastunço qualquer aí na noite e eu chegar lá, varrer-lhe os tornozelos com a perna e depois partir-lhe três dentes com o calcanhar, pirando-me em seguida com a amiga pelo braço, discretamente, sem sequer sujar as mãos... e outra é fazer como o Obama, começar aos gritos de "faço-te a folha!" para impressionar as meninas e mandar mais umas bocas, a capitalizar a coisa, antes que os seguranças cheguem para acabar a festa.
Barak, Presidente, se se justificasse, mandava os Marines passar a fronteira depois dum bombardeamento maciço, e de seguida lá começava a guerrazita que me iria tirar o sono... mas?... antes de lá chegar? É a sede, pornográfica, do poder.
E é a isto que se resume a política, hoje em dia. Basta olhar para o lado. Ou melhor, para baixo. Aqui neste país.
Onde estão os políticos? Sim, os verdadeiros! Onde está um Sá Carneiro, um Mário Soares, um Álvaro Cunhal?...Onde se encontram as grandes causas? Os grandes debates? As grandes paixões? As barricadas?...
Vejo os "políticos" de hoje. Varriam o chão no tempo do Sá Carneiro e dos outros. Faço questão de, mal ouvindo um nome, esquecer-me do mesmo em seguida... tenho vergonha desta gente. Vou votar, porque a passeata atá ao Palácio Galveias é agradável...mas nunca preencho o boletim de voto.
Há uns anos atrás, houve um que quase me convencia, mas foi convidado para um cargo teóricamente inferior ao de primeiro-ministro de um país soberano e aceitou-o, sem hesitar. Na altura imaginei o Tony Blair a ser convidado para o mesmo e a perder a compostura, com a afronta...

É assim tão mau, ser primeiro ministro deste país? Tão rasca...tão bera?

É.

Bronze

Que mentes distorcidas...
...fala-se em bronze e pensam logo em... praia.

domingo, 8 de junho de 2008

a rémora

Hoje apeteceu-me parasitar. Fingir-me de rémora...que, para quem não sabe, são aqueles peixes que apanham boleia dos tubarões...Ora aqui está onde me vou colar hoje. É para onde eu clico quando me quero rir a sério... mas isso sou eu, que tenho gostos requintados... e conheço-o graças a uma menina bem comportada, a nossa Lady Attenborough da blogocoisa...

Recomendo os grupos de letras um pouco mais abaixo, antes de ele partir de férias. Plexu, obrigado. Confirmas que as coisas mais simples que temos são as melhores e...
...de graça.

sábado, 7 de junho de 2008

O Verão

Tenho toda a discografia destes caramelos. É das poucas coisas em que me misturo...vai-se ao Youtube e todos os vídeos são cinco estrelas... e normalmente quando chega o Verão sopro a poeira dos cds e inundo a casa com isto... é liiindo! Não sei porquê, mas o Verão para mim sempre foi B52's...
Baby... Yeah! Take Me Awaaay!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

a queca

Existem coisas aparententemente inexplicáveis. Contudo... eu explico, mais uma vez.

Queca.

Nem me dou ao trabalho de encetar uma busca de algo parecido no âmbito linguístico anglo-saxónico, francófono ou castelhano. Porque pura e simplesmente...não existe. Mas já que estamos com um pé fora do rectângulozinho verde-rubro vamos ver o porquê da não-existência deste eufemismo rasca fora do tracejado onde que nos encontramos...

Curiosamente, primeiro que tudo, é algo que tem a ver com a forma de vestir. Neste país encontramos um tipo de indumentária único, mesmo a nível mundial. É um estilo criado a partir da imitação, daquilo que para nós, era um povo civilizado, os ingleses.
Nunca tivemos muito o hábito de viajar, e a geografia também não foi de grande ajuda, como tal, foram os ingleses o povo com o qual tivemos mais contacto ao longo dos séculos. Afortunadamente, os que para cá vinham, interessados no nosso Vinho do Porto e da Madeira, era gente de um extracto social elevado. Digo social, não cultural. Ainda assim, uma tão grande colónia, de colonizadores por excelência, não prescinde da sua cultura...como poderiam eles fazer crescer os seus infantes sem Shakespeare, Alexander Selkirk, Jonathan Swift, Byron, Shelley, Keats, Jane Austen, Dickens, Tennyson, Conan Doyle, Kipling, D.H. Lawrence...hein? Cá não se ensinava nada disso... nem Dante, quanto mais os bifes...

Daí os colégios ingleses. E com os colégios ingleses veio a fardinha dos mesmos: os pullovers, os sapatinhos, as gravatinhas, a flanela... e não é que, com isto, aqui se criou uma moda que ainda perdura?

Por falta de outro modelo, as classes endinheiradas deste país começaram a vestir os filhos da mesma maneira que os putos dos colégios ingleses.
E assim nasceram os queques.
Não os bolos, mas já que falamos neles...são bolos desinteressantes, secos...colam-se ao céu da boca. Felizmente alguns pasteleiros com imaginação enriqueceram os quequezinhos com nozes, chocolate ou bebidas espirituosas, ou com outra qualquer coisa que os torne mais divertidos.
Também os ingleses tentaram tornar mais divertida a farda masculina, daí, nos sapatos, os berloquezinhos, os mocassins, as franjinhas, tudo isto sem sair do código vitoriano do college...
Contudo, a moda masculina em Portugal ainda sofre desse ridículo estigma. Fala-se da nossa indústria do calçado. É uma indústria sem design, um mastigar contínuo de velhos modelos cuja forma vem do que os meninos ingleses calçavam para ir para a escola há sessenta anos atrás...
Por isso é que eu, quando quero comprar um par de sapatos, respiro fundo e debito todos os mantras que conheço e mais alguns que vou inventando...
...acho mesmo que já desisti. Vou comprando botins, todos iguais, alguns até no Verão uso... e ténis, sneackers...
E mulheres? Agora já começo a encontrar mulheres como gosto, vestidas com uma certa sofisticação...houve uma altura em que era quase como os sapatos. Normalmente, as que saíam comigo andavam para aí a embasbacar o povo...
Uma delas, educada em outras paragens, afirmava que nas mesmas só os nerds se vestiam como os nossos queques ou betos, por falta de imaginação, por preguiça cultural...

E isto na moda...
...e quando se chega à foda (ai que feio, é um termo muito cru, muito violento... as consoantes agridem as vogais, principalmente na primeira sílaba)... então os queques, para não fazerem saltar da cadeira as pessoas que eu fiz saltar quando escrevi... foda...

Vá lá.
Dêm saltos na cadeira.
Pulem.
Mas habituem-se... porque eu é que estou certo.
Podem continuar a partir a mobília... Paços de Ferreira agradece...ou, já tomaram juízo e compram no IKEA para os senhores do móvel abrirem os olhos e preceberem finalmente que aparelho industrial, já o têm e agora só falta dar emprego às dezenas de putos que saem dos bons cursos, que há cá, de design industrial?

...continuando...os queques, para não fazerem saltar da cadeira as pessoas que eu fiz saltar quando escrevi foda... inventaram a queca.

Nunca dei nenhuma. Mas com isto, acho que já fodi uma deficiente forma de ver as coisas, como sempre.

Sons do Tejo

Hoje estou lá. Este homem, um dos maiores guitarristas portugueses vivos, vai apresentar o seu novo álbum. Dolce Barroco.
Pois é. Até o nome denuncia o requinte que ele, de facto, possui. Cozinha com a mesma solenidade com que toca para as mais distintas plateias por esse mundo fora: estadistas, reis, príncipes... e toca para
os outros, como eu, com
a mesma reverência
e humildade.

Podemos encontrá-lo num palácio em Marrocos, ou num botequim em Cabo-Verde, numa cadeira forrada a veludo ou numa outra de plástico... com cães a latirem ao fundo da rua. O resultado é sempre o mesmo: a magia duma guitarra a calar, suavemente, o mundo.
Escreve e fala com a mesma generosidade com que afaga as cordas. Como se de família se tratasse, quem o ouve ou lê.
Sons do Tejo um dia forrará um filme. E nesse dia talvez o mundo conheça, ou adivinhe, a excelência de ser humano que é Silvestre Fonseca. Um dos nossos melhores portugueses.

Quem toca, aqui, é a sua filha, Inês.
Abençoada por ter um pai assim.

terça-feira, 3 de junho de 2008

há por aí uma estante a mais?

Sair do ginásio e caminhar até ali, à Feira do Livro, chegar a uma banca e encontrar, uns ao lado dos outros, sete livros que sempre sonhei ter. Comer uma fartura, ao som do namoro entre folhas de árvores, iluminado pelo dia que acaba com vozes raras. Dizer adeus aos livros onde os meus netos um dia me irão conhecer. Ir devagarinho, a pé, de mochila às costas e de saco de livros na mão...só faltava um assobio. É tão bom morar em Lisboa... há por aí uma estante a mais?

segunda-feira, 2 de junho de 2008

a velha

Encontrava-me eu, numa destas manhãs, a ser tosquiado no cabeleireiro dumas amigas. Não completamente acordado, ouvia em off uma transmissão radiofónica deveras estranha. Sentia, meio a dormitar com o tic-tic hipnótico da tesoura da Regina, que era um programa com público, e a apresentadora, ou animadora, possuía uma voz de velha. Mas não era a voz de uma velha qualquer... era uma voz... sebosa, melada, abichanada, devassa, impúdica, dissoluta, licenciosa, depravada...

Não. Havia ali qualquer coisa que não estava bem... devia ser do sono.
— Ó Regina, diz-me uma coisa...o que é que está a dar?
— Ah...Rocket! É o programa do...

Não...
Do?

Dooo?
Era um gajo? Com aquela voz de velha?

Não.
Eu devia ainda estar a dormir, na certa...

Tic-tic-tic... agora eram os pelitos que me caíam no nariz. Soprava-os, como sempre, tapando um lado da boca, enquanto a Regina, com a conversa, me tentava acordar mais um pouco...

...mas a velha...
Lá continuava, com aquela voz de idosa assanhada... De facto, fazia sentido que não fosse uma velha, porque eu não conhecia nenhuma senhora de provecta idade com uma fala tão libidiniosa... mas agora... um gajo?

A Regina afastou-se para ir pegar a máquina de aparar. Segui-a com o olhar... Surpresa! Uma televisão!
Afinal não era rádio, era um programa televisivo... eu não tinha acordado...e de facto lá estava o gajo, todo aparadinho, com voz de velha porca...

Aí acordei.

Alguém que me ajude nisto: Porque será que na sociedade ocidental, mal um homem qualquer começa a levar na anilha, tenta imitar as mulheres no tom de voz, nos trejeitos, no aflautanço forçado?

Atenção! Nada tenho de homofóbico. Não é disso que se trata. Conheço gente dos dois lados do Atlântico com toda a variedade de hábitos, vidas e orientação sexual... respeito todos sem excepção, inclusive os indivíduos cujo comportamento descrevo...mas não respeito o comportamento em si, tenham paciência...

As mulheres que levam na anilha, que conheço, não falam num tom abichanado...falam normalmente, algumas até num registo bastante grave...tipo Marlene Dietrich.
Então porque será que uma grande maioria de homossexuais passivos tente uma imitação forçada de uma donna?
Será que julgam que isso os torna mais atrativos para os activos? Estarão a competir com as mulheres (ah ah ah) na obtenção de favores de outros machos? É por isso que exageram?

Eu dos outros não sei, mas a mim, esse tipo de comportamento provoca-me repulsa, mesmo física. Nojo. E tristeza...

Sou um apaixonado por História. Não só são os grandes eventos que eu acompanho, com gosto, ao longo os séculos. Os costumes, a moral, os valores e os prazeres também merecem a minha atenção.

Um dos personagens históricos que mais admiro é Alcibíades. Detinha uma personalidade magnética que arrastava povos a cometerem loucuras.
Era bissexual.
Quer mulheres, quer homens, tiveram por ele paixões arrebatadoras. Como ele, eram bissexuais quase todos os cidadãos seus contemporâneos... à excepção dos que eram exclusivamente homossexuais.
Todos os exércitos gregos, quer atenienses, quer espartanos, ou de outra cidade-estado, possuíam companhias de amantes. Eram os que lutavam mais selváticamente para salvar o couro ao amado...
O envolvimento homossexual entre valentes, na antiguidade, foi uma constante desde os primórdios, e nem sequer o termo (homossexualidade) existia. Desde os sumérios até aos gregos, gostar de homens era até um sinal de virilidade...

Não entendo, mas não é para eu entender... quem sou eu... Mas imagino que muitos homossexuais e bissexuais se sintam agredidos com tamanha deselegância. Ou não? Já não sei nada...
Não é pela moral, pelos valores. É porque é feio. É porque mete nojo. Um indivíduo que se comporta assim mete-me tanto asco como alguém que andasse por aí pintado com diarreia... é verdade, é uma genuína repulsa, não estou a inventar, nem a exagerar.
É deselegante, gratuito, de mau gosto, invasivo, inestético. Um perdido-por-cem-perdido-por-mil. Porque é um tiro no pé, e destesto ver isso. Andam a lutar pelo fim da discriminação, atitude que admiro e que respeito, e assim dão um passo à frente e dois atrás... E não há necessidade, julgo. Trabalhei num sítio em que alguns sócios eram gays e só me apercebi disso (algo completamente acessório) ao fim de quatro meses, quando alguém me contou...

Ontem lá estava a velha outra vez. Num programa que passou o domingo inteiro, em todos os canais, que eu não percebi lá muito bem: sobre transportes (autocarros, aviões... será um adeus ao petróleo? ).
E hoje, à hora de almoço, lá estava ela de novo, no ecrãzinho. Ouvi-a vilipendiar uma mulher da assistência com insultos... de velha nojenta.

domingo, 1 de junho de 2008

se eu fosse sapateiro...

Este gajo é sete a oito décimos da excelência de qualquer filme em que entre, por mais brilhante que seja o resto.

Dissuadido por um mau cartaz, adiei sempre os "88 minutos".
Ontem não deu mais. Chegados tardiamente ao Campo Pequeno para ver os salteadores e com lugares apenas na primeira fila, eu e a minha cria optámos pelo Al. E em boa hora.
Esqueçam o filme. Não é disso que escrevo.

A principal missão de um símbolo, de um logotipo, é o ser reconhecido. A segunda é o ser associado a...

Este gajo é reconhecido. E se eu fosse produtor, estaria-me nas tintas para a segunda. Ontem não fui ver os "88 minutos", fui ao cinema ver o Al Pacino... a pedra basilar à volta da qual se constrói cada trama...

...E é péssimo a construir personagens. Dos piores que conheço. Nunca consegue sair da sua pele... Ontem não era o Dr. Jack Graham...foi o Al Pacino que vi. Mas não o Al Pacino da vida. Esse está aí ao lado. Não se parece com nada.
Refiro-me à Fórmula Al Pacino. Viciante.

O logosímbolo Al Pacino...

...se eu fosse sapateiro ganhava muito, mas muito mais guito, segundo um velhote que trabalhava debaixo dum vão de escada, que morreu podre de rico...