sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

A Outra


Todas as terras possuem o seu maravilhoso mundo das pessoas que é algo que se disfruta no começo do contacto com as mesmas. Quem chega a Portugal, inquirido sobre o seu grau de satisfação no âmbito, responde de olhos muito abertos com muito agrado. Os portugueses, eles mesmos, bocejam se questionados sobre a maravilha de país que possuem. Eu adoro o lugar onde nasci, Lisboa, mas neste momento não se manifesta em mim algum tipo de saudade do mesmo.
Na verdade, pode parecer idiota, mas sendo alguém que necessita de espaço para explodir em coisas, acho que aqui encontrei o meu. Isto é realmente muito grande. Para ir a uma praia fazem-se duzentos quilómeros numa tarde, ir e vir. Nas calmas. É como ir aí à costa da Caparica... hum...demora-se menos, talvez, de carro.
Leio que ''O Sol'', que sempre considerei um projecto idiota, com um logotipo infantil em conformidade, está a passar por sérias dificuldades. Com o maior respeito por todos os profissionais que sustentam a publicação, a notícia para mim não o é. Quem me lê por aqui sabe que adivinho o futuro de muita coisa.
Como previ tudo o que ia e se que se está a passar, não posso mentir se afirmar que foi com agrado que recebi o convite de participar num projecto com a periodicidade e formato do ''Sol'', porque sabia que aqui seria um sucesso. E está a ser. O break even vais ser atingido muito rapidamente, num prazo recorde em padrões globais. Apesar de muita coisa.
Encontrei-me esta semana com um ilustre jornalista e blogger português, mesmo lá na Casa Amarela, e respondi-lhe que adorava trabalhar assim, com toda a paixão que por aqui acontece. Cada matéria é seguida como um jogo de futebol, com emoção e de forma bem divertida, contrastando com a forma bocejante como se publica em Portugal. Adoro trabalhar com angolanos, e sei que embora me encontre por cá em tão curto tempo, me sentem como um.
E o mesmo acontece em sociedade. Embora possua pele clara, não me sinto, de todo, alienígena por aqui.
Contudo, os costumes não são os meus.
São muito diferentes dos que existem em Portugal.
Por aqui vêm-se raparigas de treze ou catorze anos, na rua, com soutiens tipo wonderbra, bem recheados que dão beijinhos aéreos a homens de quarenta anos. Alguns aproveitam.
Outra coisa que acontece, talvez até o maior fenómeno social, é a poligamia, algo semi-marginal mas uma realidade, contudo. Um homem pode ter várias mulheres, cada uma com a sua respectiva prole. Começa tudo com umas ''cambalhotas'', mas acaba com uma família ''fora''. Causas? O planeamento familiar que quase não existe, entre outros factores... Um deles, bem engraçado e interessante, é o Dia do Homem, a sexta feira, pela noite, em que os machos saem em bandos de amigos para curtir a vida.
As mulheres de ''fora'' de casa são cantadas nesta música do Matias Damásio. Acho um extremo requinte uma realidade feminina ser cantada por um homem, sobretudo numa terra tão machista. Julgo que vão gostar. Tanto que provavelmente terá tanto sucesso por aí como por aqui. A orquestração é excelente e outros artistas angolanos ''pop'' como a Ary e a Yola Semedo podem ser apreciados também no YouTube.
Quando a música começou por aqui adivinhei-lhe o sucesso. Como o adivinho aí.

Um grande abraço amigo, ya?

MATIAS DAMÁSIO, NA FOTO