Para muita gente em Portugal, o abstraccionismo ainda é uma inexplicável aberração. Ouvi uma conversa que o confirma a propósito da Colecção Berardo, na fila para a medíocre exposição do “Ermitage” (que não é senão um follow-up da cultura e história da Rússia desde Pedro-o-Grande até aos últimos czares, coisas que pessoas civilizadas já deviam saber, a partir duma selecção muito limitada de peças decorativas e artísticas de valor secundário mas que devem ter maravilhado várias sensibilidades…)
Schoppenhauer, bondoso, explica-o com uma analogia com a música: algo que se sente com os ouvidos. Neste caso, algo a sentir com os olhos*.
Eu utilizo o exemplo da foto abaixo: Não percebo patavina do que está escrito, sei que é um poema de Mao Zedong, porque fui informado. Contudo, acho bonito. Os meus olhos gostam. E é assim que deve ser apreciado aquilo que para nós é uma abstracção. Sem serem necessárias quaisquer explicações.
Sei que os meus netos ficariam intrigados ao lerem este tópico. É que, lamentávelmente, neste país, em pleno século XXI, ele faz sentido.
* Ouvidos fora do contexto musical, nariz... tudo o que é mecanismo de percepção que este mísero esqueleto nos proporciona...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Eu nem sequer me dei ao trabalho de passar na Ajuda....
Prefiro mil vezes perder-me nos nossos museus do que pagar para assistir ao refugo de outros...
je ne suis pas une conaiseur e como tal a apreciação, face a uma obra, é meramente sensorial...
O Mao tinha uma caligrafia bonita... Era uma peste mas tinha uma letra bonita, sim sr.
bjo
Fui no 1º Dia, foi à borla
;-)
Enviar um comentário