Uma televisão americana conduziu uma experiência interessante. Escolheu um fofo gato persa, da estimação de uma simpática senhora, habitante duma vivenda dos subúrbios. Colocou-lhe, bem fixa, na coleira, uma spycam, e soltou-o durante vinte e quatro horas.
Com as gravações de som e de imagem recolhidas, remontou uma versão resumida e passou-a em dvd no ecrã da televisão do lar da dona. As primeiras imagens revelaram a realidade doméstica, bem conhecida, do gatinho muito querido e tratado como um peluche... aí, o sorriso era uma constante na face da simpática e afável senhora.
Contudo, a sua expressão mudou... ao descobrir imagens do quotidiano do seu gato para si desconhecidas, reforçadas pela entrada em cena de lugares para ela desagradavelmente familiares... o beco das traseiras, onde habitualmente se amontoava o lixo em caixotes, e onde outros gatos se ouviam, à noite... uma mata abandonada, cinquenta metros atrás da casa...
O terror instalou-se no seu rosto, ao assistir, com a câmera a milímetros da acção, à caça selvática de um rato enorme e à sua posterior devoração, por parte do querido peluche instalado a seu lado... Coberta pelo sangue e pêlos do roedor, a lente da câmera apenas registava os sacões das dentadas e rasgões sangrentos que o fofinho cometia...
Em pranto, a senhora sentiu-se traída. Levantou-se de um salto e apesar do esforço dos elementos da estação televisiva que a tentavam acalmar, ela começou a vaguear enlouquecida pelo andar térreo da casa.
O gato permaneceu impassível.
Foi expulso do lar, minutos depois.
Sim.
Esta história pode servir de metáfora, para muitos afectos...
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50 comentários:
É as reacções perante algo inesperado são muitas vezes surpreendentes até para o próprio que as comete, para quem está ao lado, inacreditáveis mesmo.
Beijos ternurinha
vitinha, meu anjinho
eis um exemplo...tu também não me imaginas a fazer maldades pois não? LOL
liiiiinda!
beijinhos ternurentos
Um gato é um gato, não é uma bola fofa, tem pelo macio e gosta que o amaciem mais ainda, faz ron-ron e come carne, qual malga de leite ...
Faz lembrar a história da rã e do escorpião, né?
A metáfora, pode sê-lo para os afectos e para s pessoas por detrás deles. Beijo, mano.
mlee
morreram os dois afogados...
eis uma que te pode ser útil, a ti e a todos... ; )
bjinhos maninha
Eu tenho um gato e nunca comeu ratos pois que eu não os tenho em casa, mas é um belíssimo apanha moscas.. Oh se é!! Dá um jeitaço
Abração (se deres por minha falta já sabes..) fériassss :p
Longe da vista, longe do coração...
tá-se bem!
já sei que vais de férias, malandro...goza-as bem!
abração!
voyager
muito gatinho se aguenta assim... e muita dona...
foi aí que nasceu o termo "santa ignorância"...
Por acaso não rocket, mas tenho plena consciência que as fazes.
O não imaginar não invalida que se saiba se são capazes ou não.
Acho que és capaz sim, assim como eu e todos nós.
Em situações limite as reações são sempre imprevistas.
E a grande maioria das vezes nem precisa ser em situações limite.
Beijos maldosos
Ai vidas duplas, vidas duplas.
Se me pusesse aqui a escrever sobre elas, isto ainda dava um livro e depois o Português Suave da MRP, nunca seria um bestseller!
Que parábola infecto-contagiosa!
vitinha
iiii...hoje está tão séria... e por acaso...não tenho becos das traseiras... porto-me bem...uma vez após outra.
não faço maldades, vês...
bjinhos animadinhos
patti
pois é, mas o meu seria infelizmente maior...
vi e participei em muita coisa, que não honra, de todo, as segundas intervenientes... durante anos, parecia sina. e tenho uma boa memória...
posso não ter um comportamento standard, em termos de relacionamentos, mas sou leal, em todos os minutos de cada um... não tenho, nem vou servir nunca, de beco das traseiras para mais ninguém...
Gi
a realidade escondida tem sempre um carácter infecto-contagioso...
O meu Gato Gil, que normalmente não parte um prato,também me apareceu com um pardal morto debaixo da minha cama. Apesar de lhe ter arrancado os despojos do pobre pássaro em pranto, Gato Gil continua lá em casa e dou-lhe mimos na mesma. Nunca me passou pela cabeça que ele se anulasse, na sua essência de gato independente e caçador, para passar a ser o meu peluche articulado. Doesn't work that way!. Ou há amor incondicional (na razoabilidade possível, claro), ou não vale a pena. Digo eu...em qualquer afecto, quando o mesmo se assume, parte-se do principio que também é assumida a probabilidade de o dark side vir ao de cima mais cedo que tarde, e ter de se saber lidar com isso. Essa é a parte que costuma ser difícil, quando se descobre que a carruagem afinal é uma abóbora...
Isso e determinar, nos tempos que correm, que dark side poderá sair dos recônditos profundos dos nossos mais que tudo. É que a arte da camuflagem e dissimulação tem vindo a ganhar refinados adeptos...
Beijinhos
PS: Estúpida velha!
Pois todos conhecemos vidas duplas. Mas as que eu conheço só se revelaram ao fim de alguns anos, umas deixaram-me desiludida e outras muito surpreendida pela positiva.
Há muito boa gente, discreta, simples e pouco efusiva que na calada faz pelos outros muito mais que outros que o apregoam aos sete ventos.
safira
o teu gato é o da canção? o que não denuncia?
sabes melhor que eu que eles muitas vezes até trazem animais que depositam no chão, à tua frente, para se mostrarem úteis ao abastecimento de géneros...
é óbvio que a velha, sendo ou não sendo estúpida, entrou num coma mental com as características da estupidez. não adianta referir qual. é uma situação em que se idealiza o alvo dos afectos só com qualidades e que se renega toda a parte incómoda da sua natureza...
bjinhos miauuuus
patti
pois desde muito, muito cedo comecei a tomar contacto com essa realidade... conheço um número de casos superior ao que gostaria de conhecer...
é que isto depois dá-nos uma visão do mundo afectivo muito pouco inocente...
quando falas de muito boa gente decerto não te referes a gente boa... eh eh
...normalmente quem exibe não tem nada a esconder... é até amigo, em fazê-lo...e talvez o faça por responsabilidade, embora pareça o contrário...
os animais venenosos anunciam-se com cores garridas... a natureza é que sabe...
Ó Rocket! Agora matei-me a rir. Fizeste-me lembrar uma private joke culto, que partilho com a mana, por causa da letra do 'Solta-se o Beijo'. Em boa verdade, o meu gato, que era para ser para a mana, e só por isso não tem um nome eslavo como os outros, foi baptizado em homenagem à piada e à canção. E a piada é que não há nenhum gato gil na letra. O que a Sara Tavares pede ao gato (anónimo)é 'chiu', para não a denunciar... ;)Mas a mana persistia em cantar 'peço ao gato gil...'. Tanto que para nós a música é a do gato gil, qual solta-se o beijo!
BOa gargalhada antes do rico almocinho de sushi que me espera...
Prrrrrr
safira
almocinho de sushi? pois...lembraste-te de me convidar?
e que história é essa de gozar com os nomes eslavos do ivan e do alex? heinzzz?...
miau miau!
: )
Quem é que está a gozar? Eu também tenho uma Nadia, um Yuri e uma Sasha em casa... ;)
Prrr
PS: Sei lá eu se gostas de sushi, homem! Pronto, para a próxima digo qualquer coisa...mau feitio!!!
Ora bem, aqui temos a prova, que nunca conhecemos, com quem partilhamos a vida. Pode ter até o ar mais fofo e vulnerável do mundo, mas, qui çá no 1º virar de costas tunga, trocam a dama pela galdéria, o palácio pela barraca. Depois, existe a decepção porque se confiou, criou-se a imagem desejada e não a real.
Coisas reais da vida :)))
Beijinho
No melhor pano cai a nódoa!
Em ambiente onde o animal tinha que sobreviver, fez-se à vida, as situações podem despoletar o desconhecido que há em nós.:)
Exactamente. Porque às vezes, infelizmente concebemos as pessoas mediante as nossas necessidades e manipulamos, e somos manipulados... verdadeira naturuza nem sempre é sedutora.
beijocas
Em termos literários e semânticos esta história é muito simples: os sentimentos são descritos em sentido metonímico, numa relação causa/efeito. A senhora é uma sinédoque que sofreu uma síncope, da qual recuperará certamente, conquanto um AVC emocional é ultrapassado quando substituído. O gato e o rato são uma perfeita alegoria representativa das hipérboles do gato e da vida elíptica do rato.
Moral irónica da história: a senhora não morreu por expulsar o gato. Provavelmente cairá noutra esparrela, mas não ficará tão abalada se tiver de expulsar outro gato da sua casa: "the first cutis the deepest". O gato continuará, na sua imensa sabedoria e sagacidade, a cativar outras senhoras distraídas com o seu charme irresistível. Continuará, se lhe derem uma abébia, a frequentar becos escuros para satisfazer a sua própria natureza animalesca, abocanhando sem remorsos ratos, ratas, ratazanas…Viverá, contudo, sempre dentro do seu próprio paradoxo: ora suavemente domesticado, ora contido na sua condição de animal. Os ratos, seja em que espaço for, viverão eufemísticos, gozando as várias sinestesias da vida, porque a morte não avisa a sua chegada…
bjsssssss
Esta excelente metáfora, leva-me a reflectir sobre a vida de todos e de cada um.
Leva-me a uma visão de: presas e predadores; do bem e do mal; do essencial e do supérfluo;de comédia e de tragédia; de verdade, de hipocrisia, de falsidade, de animismo.
Entre muitos outros pensamentos
Beijinho.
safira
ena...tens um staff de operários da construção civil felinos... spetznazzzz
eu só tenho 2...
se eu gosto de sushi...atão não se vê? miauuu...peixe sempre foi comida de gatooo... e não é mau feitio, tens gatos devias saber...bjinhos miaus
coragem
a dama e o vagabundo sempre foram um sucesso...
bjinhos
alfabeta
então mas o bicho tinha tudo do bom e do melhor em casa... ele queria era brincar...
blueminerva
ao contraire...nada é tão sedutor como a verdadeira natureza. existe no mundo animal uma atracção pelo perigo. e eu já assisti. uma vez vi alguém, de mota, com uma rua imensa vazia a ser atraída pelo carro onde bateu. a pessoa ficou bem e depois confessou-me a atracção...
lenib
tive que beber água, para parar com a risota...
este foi sem dúvida dos melhores comentários que já li quer neste quer noutros blogs... merecia um post, por si.
na verdade, nem sequer era esse o alcance da história, que, por acaso, foi real, como metáfora. mas a tua interpretação é válida. e filosoficamente deliciosa. de facto o gato logo ali arranjou outra dona, no staff televisivo. e essa não seria propriamente distraída. um felino não se rege por padrões de caça. adapta-se às variadas presas e ao meio ambiente.
contudo reafirmo que não era este o alcance semântico da metáfora... o que me fartei de rir...
és impagável... um grande abraço
d.antónia ferreirinha
esta história foi real. não vi o documentário, mas foi-me contado, com detalhe. pela minha irmã...
é claro que a leitura metafórica sugerida é da minha responsabilidade...
ainda bem que consegues todos esses links, é sintoma de uma rica vida interior...
bjinhos
pois serve, mas o gato é que se lixou com f.
bjs
eu sou a verdade:)
jocas maradas
jasmindomeuquintal
um gato, mesmo quando se lixa, é com uma elegância do cacete...
bjs
su
messiânica, esta oceânica?
jocas miaudérrimas
há pessoas que só querem ver o lado bom da vida... só gostam que lhes mostrem uma face, a bonita, a cor de rosa, a fofinha, doce, divertida... ui, e se ha!!
helluah
e há outras que lhes fazem a vontade, de sorriso nº7 estampado no rosto, após branqueamento dentário...
Sou a favor de ver as duas partes da questão. Deviam pôr uma câmara na velha e o gato ter a hipótese de ver que becos e matas ela frequentava quando o deixava em casa!
Abraço
sorrisos
tu não és amigo dos gatos...o que vale é que eles dormem 16 horas por dia, por isso mais uma soneca à frente do ecrâ...
abração
Tanta coisa bela que aqui é vertida, que um homem nem sabe onde beber para comentar. É fartura de riqueza literária e intelectual que até faz corar os tipos simplórios e felizardos como eu, dá realmente gosto! Bem e se é assim, é só escolher. Não escolherei os comentários mais virtuosos, pois esses são para serem consumidos devagarinho...mas aguçou-me o apetite uma ligação reflexa que emergiu no meio deste imenso, todo maravilhoso. A que liga os gatos à condução de motociclos! As técnicas de condução desses veículos, ensinam que em situações de crise se deve agir com a firmeza, e frieza de um gato. Se devem acçionar todos os músculos frenantes em simultâneo - Motor e travão. De seguida, retirar os olhos do obstáculo (porque se não, o mais certo é a lei da atracção, fazer-nos ir marrar com ele), e procurar uma saída. Se não houver saída franca, escolher o sítio menos mau para o embate, inclinar o veículo nessa direcção, fatigar as mandíbulas de travão traseiro de forma bastante a provocar a queda, e ao fazê-lo libertarmo-nos da moto que terá a tendência para nos ultrapassar, abrindo caminho, em vez de nos passar por cima, se por acaso apertássemos demais o dianteiro. Descontraír o corpinho é o último mandamento e aguardar que tudo acabe bem, ou senão, que acabe mesmo. Alcoitão não é solução!
Os gatos, fazem o mesmíssimo quando se afligem. Os afectos? Esqueci-me disso. Ora bolas! Então vamos lá... Fui sempre uma pessoa que aprecia a companhia de animais. Quando tinha seis anos de idade, fui passar uma semana a casa da minha Madrinha. Ela tinha um Siamês, "Pantufa". Disseram-me que podia brincar. Mordi-lhe uma orelha, do mesmo passo ele mordeu a minha. Ficámos apresentados. Depois desse episódio, só voltei a ter contacto com um gato, quando pelos trinta e dois anos, a minha vida deu uma volta, e deixei de ter condições para ter Cães. Ofereceram-me um gatito Siamês a que a minha filha de três anitos baptizou com nome de Peixe -"Lúcio". O Lúcio, cresceu, viveu connosco e estava tudo normal. Até que a minha vida deu outra volta, e passei a ter de novo condições para cães. Veio o Dog Alemão " Kipling". E o gato? Esse... simplesmente, fugiu! Procurei-o, e fui encontrá-lo na nossa anterior morada. Tentei pegar nele, arqueou-se todo, e saltou para longe. Desde essa tentativa, fiz outras. todas mal sucedidas. Conclusão e moral da estória: Aos gatos, só os fodes uma vez! Capiche Amigo?
Um grande abraço.
consuetudo
o acidente que ralatei foi com a joão de há vinte anos, ali em frente ao tamariz, e adivinha quem ia à pendura... a menina tinha a mania das velocidades e para impressionar o namorado toca de abrir por ali. enfou-se num fiesta e o desgraçado deu três mortais a alguns metros de altura, caiu e nem sei como ninguém foi parar ao hospital...gatos...
só os fodes uma vez... é verdade.
e ficam bem fodidos, passados a ferro e colados ao asfalto. não é o caso do da história, este apenas continuou a viver tranquilamente a sua natureza...
..até o dia que alguém realmente o aceite como é e o cative...
abração, amigo
Um gato desses é que dá jeito! Não um dos pachorrentos que foge assim que vê um ratinho da abissínia... =)
Jinhos miados
Tenho dois gatos; são uns amores.
Mas, como todo o animal, incluindo o homem, claro, são predadores; rebolo-me de riso ao vê-los na sala, a observarem pardalitos no terraço e não desviam os olhos e rilham os dentes...
E a forma mrticulosa como "esfrangalham" um gafanhoto, dilacearando-o lentamente...
E tantos outros bicharocos que vão apanhando...
Porque seria o "persa" diferente? Diferente foi a dona do bicho com a sua resolução de o despachar; e não se pode exterminá-la, como dizia o outro?
Abraço.
maguinha
sempre a ver vantagens... thats the spirit!
bjinhos maguinhos
pinguim
já viste o que poupa em filmes de horror o dono de dois gatos? eh eh. e dá para convidar os amigos, se ficarem quietos...
é claro que quem aqui está a mais é a idealização do outro. alguém escreveu que se é amigo pelas qualidades e que se ama pelos defeitos...
abraço
Pronto, sempre ouvi dizer que um gato é sempre um gato e que gostam muito de ratos, eu tenho uma persa e sei que também gosta muito de pássaros que às vezes caiem pela chaminé da lareira, é o instinto animal.
alfabeta
pois é. um gato é um gato, tenha aspecto de peluche ou de farrapo...
Então, mas não é normal um gato devorar um rato? Eu tive um gato que matava os ratos (e moscas também), trazia-os ao pé de nós para mostrar o seu feito e depois é que o levava não sei para onde para o comer...é o instinto normal dos gatos...lá porque este era um gatinho de peluche isso não significa que os seus instintos morressem...
Enfim...
bjitos
lillipat2008
para nós é mas a senhora já não se encontrava entre nós, estava na dela...
bjinhos
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