
Sempre gostei do termo. Uso-o mais que "desfocado", que, para além de ser mais longo e por isso desconfortável no seu uso, não possui a musicalidade presente no inglês.
Podemos ver as coisas de várias formas, de vários ângulos, o que nos fornece uma percepção das mesmas, diferente de observador para observador (lembremo-nos dos testemunhos díspares de qualquer incidente...). É essa percepção que depois se transforma na realidade aceite de cada um... ou de alguns. É uma percepção imperfeita, como se viu atrás, e será portanto por isso que Schoppenhauer defendia que "realidade" devia ser escrita como eu o fiz: entre aspas.
Blur.
Coisas desfocadas, com contornos imprecisos... uma realidade indefinida.
Não seria nada disto que eu esperaria encontrar (há vinte anos atrás...) aos quarenta e cinco anos. Mas é o que tenho.
Há dois meses atrás, a minha realidade parecia definir-se. Como se uma cortina de nevoeiro, há muito presente, se afastasse e deixasse iluminar tudo pela luz solar, definindo os contornos dos caminhos a seguir. E eis que em uma semana, a última, o nevoeiro voltou, deixando-me apenas voltado para a direcção onde eu sabia antes estar um dos caminhos...
Quando era menos maduro, como alguns dos que me lêm, achava que por esta altura era só dar umas baforadas no charuto enquanto o dedo grande do pé faria umas ondinhas na piscina. Seria normal. Possuo um talento superior à média, e com este pressuposto o céu seria o limite... Mas não é assim.
No outro dia, de comando em riste, dei com os manás (ou lá o que é) e a sua emissão. Eles agora apostam em enriquecer a malta que lá vai, porque se a malta tem mais massa, mais lhes pinga. Então, vale a pena ver aquilo porque um pouco na linguagem do 1.0 eles explicam como se enriquece. E durante uma dessas explicações, eles lançaram a seguinte questão: qual é o que mais longe vai na vida, o mais inteligente, ou o mais motivado?
Para eles, ir longe na vida é algo diferente dum monge budista, cujos objectivos diferem.
Eu não sou um monge, embora simpatize com a filosofia do Bodisatwa... e longe na vida, não fui, em muita coisa que devia ter ido.
Mas a vida não acabou, e os caminhos continuam à minha frente. É só ter um bom calçado. Adoro andar.
...Embora deteste a merda do nevoeiro: disfarça o galho onde vamos tropeçar...