sábado, 3 de julho de 2010

robinhos


Ali ao lado, na tv, está a dar o resumo do jogo do Brasil-Holanda, e o Robinho acaba de marcar. Na altura, em directo, toda a gente pensou: é o destino que se concretiza, o do Brasil chegar ao hepta...

Andei ocupado por estes dias, e queria ter escrito isto antes, porque aí, ia brilhar... é que esta coisa de antever transmite algo assim de aura mágica de bruxo de luxo a quem publica, como por exemplo nas linhas em que denunciava o enorme disparate que tinha sido colocar alguém com problemas sérios consigo próprio como seleccionador nacional. Como no primeiro post sobre este triste assunto e no segundo, no terceiro, e agora, neste último. Perdermos cedo porque só percebemos, quer dizer, perceberam, tarde. E há quem ande a culpar o Cristiano (toda a gente, na verdade, e isso é triste).
Como antes afirmei, esqueçam os jogadores quando se trata de responsabilidades nestes assuntos. Eles fazem apenas o que lhes pedem e, ao Ronaldo e a todos os outros, pediram-lhes disparates. O senhor pode ser um excelente engenheiro, mas se o obrigarem a fazer balancetes ou a engendrar a contabilidade analítica da sua empresa... ela pode ir à falência. E depois dizem que é mau profissional? Foi o que aconteceu. Eles bem avisaram... o Deco, por exemplo...

Mas enfim, voltemos ao Robinho e ao Brasil.
Esta história do Brasil faz-me lembrar o Hitler e o Hitler faz-me lembrar o Estaline. Quando o do bigode pequenino invadiu o país do do bigode grande, na verdade o do bigode grande não se preocupou muito... e porquê? Já nos anos 40 a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas tinha uma população de centenas de milhões de habitantes, e o senhor do bigode grande sabia que o do bigode pequenino não conseguiria fabricar tantas balas como quantas pessoas houvesse na tundra.
Tão simples como isso.
Zukov mandava, por exemplo, vagas humanas em Estalinegrado contra as metralhadoras das SS com o secreto propósito de esgotar os paióis de munições alemãs.
E quando um general alemão perguntou a um embaixador suíço que, se invadisse o país com uma divisão de um milhão de homens, o que faria ele com um exército de quinhentos mil? Ao que o embaixador calmamente respondeu que os quinhentos mil apenas teriam que disparar, certeiro, duas vezes.
A Suíça nunca foi invadida.

Hitler e Estaline, já lá voltamos de novo...Robinho e Brasil, onde andam eles? Pois... eu sou assim, perco-me na paisagem.
Já viram algum jogo do campeonato Paulista, ou de outros daquele país? O que não faltam lá são robinhos. Aliás, um dos produtos de maior exportação do Brasil são os robinhos, que vêm de todas as raças e cores. Todo o clube de prestígio, em todo o mundo, tem de ter um ou mais robinhos, a falar português com açúcar. E agora até as selecções nacionais, como a nossa, têm robinhos, devida e burocraticamente nacionalizados.
Assim como ziliões de mujiques o Estaline tinha para gastar contra as MGs alemãs, o Brasil tem robinhos para colocar à frente das balizas adversárias. Na verdade, é só um país com 190 milhões de habitantes em que o futebol é quase uma religião e em que muitos preferem-no a sexo. E os brasileiros gostam muito, mas mesmo muito, de sexo...
Sendo assim, como se percebe que o Brasil, país com 190 milhões de loucos por futebol, tenha perdido com a selecção de um país com apenas dezasseis milhões e meio, em que metade, apesar da quantidade de campos relvados que vemos numa viagem de comboio pelas planícies holandesas, nem liga ao jogo?
Não é lógico, pois não? Porque se a lógica estivesse aqui metida, e fazendo comparações com auxílio duma matemática rudimentar, por exemplo, comparando com Portugal, que tem apenas 10 milhões e que a custo arranja uma selecção, o Brasil poderia ter dezanove selecções... e dentro delas, todas de luxo, escolheria uma super-hiper-ultra-mega-maxi... nec plus ultra selecção... que, ano após ano, venceria calmamente o Campeonato do Mundo, cujo único nobre propósito seria o de escolher o segundo lugar, como afirma o meu amigo Luís, ao acompanhar o meu raciocínio...

É que o futebol, como a vida, não se rege pela lógica, mas sim pela emoção, pelas circunstâncias, pela chuva, por isto e por aquilo. E é por isso que gostamos dele. Na verdade, se pensarmos bem, nada é por acaso. Como afirmava um sociólogo e pedagogo, se as crianças tivessem o tamanho de adultos, destruiriam o mundo. Se o Brasil fosse governado por alemães, seres lógicos e organizados, provavelmente ganhariam todos os campeonatos do mundo. E pior, talvez até o invadissem...

O futebol é fascinante, como todo o resto daquilo que vivemos...

Schiuu... ali ao lado, na tv, os holandeses já estão à frente do marcador.
O Estaline ganhou, com a força dos números.
Felizmente, o Dunga... não.

QUANDO, NA BANDEIRA DO BRASIL, LEIO "ORDEM E PROGRESSO", UI!...

2 comentários:

João Roque disse...

Como numa crónica sobre futebol, se fala de coisas tão importantes como a guerra, a demografia e até de outras coisas mais ligadas ao futebol, mas que o ultrapassam, como a competência, a globalização, eu sei lá mais quê...
Realmente, quer se queira, quer não, o futebol desperta paixão e debate.
Por alguma razão, se considera o famoso jornal desportivo "A Bola", como a Bíblia do desporto (tiremos-lhe o exagero)...
E nem sequer foi preciso falar nesse outro jogo de ontem, que pode não ter sido o melhor do Mundial, mas foi com certeza o mais emocionante: o Uruguai/Gana.

Leonor disse...

O post é sobre bola,
o post não é sobre bola,
o post é sobre bola,
o post não é sobre bola ... :)

Até que - pára tudo -a frase fundamental: "É que o futebol, como a vida ...", sem dúvida, em tudo, dentro e fora do campo, sempre, ora emocionante, ora repugnante.

Culpas para o Ronaldo? Absurdo, o que não belisca o facto de não ter sido capitão de equipa.

Adoro o "bigode grande" e o "bigode pequeno", só tu ...

Beijuka