
Eis a capa do segundo número, já corrigido. Foi feita após uma falha de energia causada por uma avaria do gerador. Ninguém queria acreditar. Faltavam duas páginas para acabar o caderno a enviar para a gráfica e tive que tratar de questões como manutenção, quadros eléctricos e correias de refrigeração, durante duas horas. Após estabelecer um acordo com uma firma de manutenção dos geradores das duas casas, ali no meio da rua, lá respirei fundo e fiz a capa. No dia a seguir, a TPA entrevistou-me e uma das perguntas foi sobre as infra-estruturas, como elas afectavam o meu trabalho. Respondi que era pela falta delas que eu e outros estamos cá, para as criar. O design é a minha última preocupação, durante um dia de trabalho. O mesmo é passado a resolver problemas técnicos e humanos. A esboçar as tais infra-estruturas.
Um dia Angola será um país próspero e urbano. Sorrirei sabendo que algo se deveu a mim.
A ultima página do primeiro número. Enfim, lá estou eu, bem atrás, encostado à cerca. Não encontrei lugar à frente. Utilizo muito a expressão ''ficar na fotografia'', que aqui se justifica plenamente. Raros são os que se encontram em primeiro plano que participaram activamente, à excepção do director, que com esforço lá arranjou um lugar.
Acompanha-me o meu craque, o Raul, um gigante de vinte e sete anos que nasceu para o design. Se carregarem na imagem ela aparece aumentada.
No fundo da página encontra-se o Zero. Os gatos aqui são malditos, conotados com a feitiçaria.
Encontrava-me eu no meu gabinete e ouvi miar. O Pitigrili entrou ou e disse que estava lá fora um gato a chamar por mim. Desci e após alguns minutos a redacção ficou estupefacta ao ver-me entrar com um gatinho da rua ao colo. Desde esse dia ele segue-me como um cão. Se saio, ele vem a correr, saltando à minha volta até eu pegar na mota e sair. Quando se porta mal é ''o teu gato'' ...''tu é que és o pai dele''. Quando se porta bem é ''o nosso Zero''... É super meiguinho.
Quem assina o texto de opinião é o editor de política, o meu grande José Kaliengue. Eu, ele e o director formámos um trio imbatível naqueles dias sofridos. Mas temos o semanário de referência que nos foi pedido... feito com sofrimento mas também com muita alegria.
Trabalho com homens extrardinários.