terça-feira, 29 de abril de 2008

O Nevoeiro

Blur é uma palavra inglesa.(... generally refers to the appearance of an unfocused image...).
Sempre gostei do termo. Uso-o mais que "desfocado", que, para além de ser mais longo e por isso desconfortável no seu uso, não possui a musicalidade presente no inglês.

Podemos ver as coisas de várias formas, de vários ângulos, o que nos fornece uma percepção das mesmas, diferente de observador para observador (lembremo-nos dos testemunhos díspares de qualquer incidente...). É essa percepção que depois se transforma na realidade aceite de cada um... ou de alguns. É uma percepção imperfeita, como se viu atrás, e será portanto por isso que Schoppenhauer defendia que "realidade" devia ser escrita como eu o fiz: entre aspas.

Blur.

Coisas desfocadas, com contornos imprecisos... uma realidade indefinida.
Não seria nada disto que eu esperaria encontrar (há vinte anos atrás...) aos quarenta e cinco anos. Mas é o que tenho.
Há dois meses atrás, a minha realidade parecia definir-se. Como se uma cortina de nevoeiro, há muito presente, se afastasse e deixasse iluminar tudo pela luz solar, definindo os contornos dos caminhos a seguir. E eis que em uma semana, a última, o nevoeiro voltou, deixando-me apenas voltado para a direcção onde eu sabia antes estar um dos caminhos...
Quando era menos maduro, como alguns dos que me lêm, achava que por esta altura era só dar umas baforadas no charuto enquanto o dedo grande do pé faria umas ondinhas na piscina. Seria normal. Possuo um talento superior à média, e com este pressuposto o céu seria o limite... Mas não é assim.

No outro dia, de comando em riste, dei com os manás (ou lá o que é) e a sua emissão. Eles agora apostam em enriquecer a malta que lá vai, porque se a malta tem mais massa, mais lhes pinga. Então, vale a pena ver aquilo porque um pouco na linguagem do 1.0 eles explicam como se enriquece. E durante uma dessas explicações, eles lançaram a seguinte questão: qual é o que mais longe vai na vida, o mais inteligente, ou o mais motivado?
Para eles, ir longe na vida é algo diferente dum monge budista, cujos objectivos diferem.
Eu não sou um monge, embora simpatize com a filosofia do Bodisatwa... e longe na vida, não fui, em muita coisa que devia ter ido.
Mas a vida não acabou, e os caminhos continuam à minha frente. É só ter um bom calçado. Adoro andar.

...Embora deteste a merda do nevoeiro: disfarça o galho onde vamos tropeçar...

domingo, 27 de abril de 2008

Pontaria

Aturar uma segunda feira depois de três dias de dolce fare niente... Ok. A ideia é não acertar no canito. Nem na Madre Teresa. De resto, munições com fartura e bom começo de semana para todos. É só carregar no gatilho. Bang, bang!

terça-feira, 22 de abril de 2008

Cadeia Alimentar

Adoro elefantes. Representam a Suíça do reino animal.

Os animais dividem-se entre predados (que passam a vida a papar ervinhas e plantinhas) e predadores, uma série de caramelos que cobardemente livram os predados dos mais ineptos, doentes, estúpidos e meramente incompetentes para sobreviver, melhorando genéticamente, assim, as respectivas espécies.
Existem, naturalmente, honrosas excepções, como é o caso das orcas, que atacam os animais mais saudáveis e fazem gáudio disso entre si.
Os elefantes não têm predadores. A não ser uma cria abandonada (o que é raro, pois o sentido gregário dos elefantes é do mais acentuado no mundo animal) nenhum sofre ataque algum. E são extremamente solidários entre si. Afectuosos mesmo.

Lembrei-me disto porque está a chegar o Verão... e sou um pouquinho sádico.
A merda do ginásio está cheio! Encontrar uma passadeira livre é uma sorte... é como nos restaurantes à hora de almoço...

Gosto de Elefantes... no National Geographic...

sábado, 19 de abril de 2008

Universo Paralelo

No outro dia, vi um anúncio a um Cd que comemorava uma data-chave no Trio Odemira. Acho que se tratava do 25º aniversário.
Tirando o invencível desafio de imaginar o que uma mulher sente durante o seu acto sexual, não me é difícil colocar-me na pele de alguém... mas para isto, preciso de ajuda... ó se preciso...
É assim: são vinte cinco anos sem muitas das coisas que eu acho essenciais à minha existência, e uma delas é a qualidade daquilo que me entra pelos olhos e pelos ouvidos.
O que eu faço profissionalmente, e o que eu sou, é um pouco desse alimento que refiro, desse combustível cultural.
Até mesmo no consumo, sou criterioso. Bato palmas a certas marcas de prestígio e vaio outras. Tento conhecer a sua génese, quem está por trás (que muitas vezes é a sua própria marca).

Portanto...Vinte e cinco anos sem Kurosawa, sem Sakamoto, sem Wagner, sem Armani, sem Apple, sem Canal História, sem Cinema King, sem Quarteto, sem Laurie Anderson, sem Vim Mertens, sem New Order, sem Meredith Monk, sem Ferre, sem Ungaro, sem All Star, sem Puma, sem Michael Nyman, sem as namoradas cultas que já tive, sem os amigos com quem se tem uma conversa durante horas sobre um filme ou uma peça de teatro, sem B52's, sem expressionismo abstracto, sem Pollock, sem Warhol, sem Blue Mountain, sem explodir em suor numa corrida longa ao lado do mar, sem Matrix, sem Somerset Maugan, sem Conan Doyle, sem sushi e sashimi, sem David Sylvian, sem Ernesto Neto, sem Adriana Varejão, sem Rammstein, sem Goddard, sem Tarkowsky, sem José Régio, sem os punhos feridos pelo contacto vilolento nos dentes de outrém, sem Pessoa, sem Andrade, sem Pizzicatto Five, sem Hednigardna, sem Mozart...
Vinte e cinco anos sem Starck, sem Brody, sem Gutierrez, sem Memphis, sem Minimal, sem o Lux, sem o requinte na mesa, sem o requinte na cama, no chão, na cozinha, outdoor...Sem requinte algum...
Sem um Monet quase cego, sem Leonardo, sem Puccini, sem Monteverdi, sem sumo de laranja espremido numa coisa parecida com um Rocket, sem Giacometti, sem Benvenuto Cellini, sem verde-fluo, sem Arquitectura, sem Doors, sem Palladio, sem underground, sem roxo, sem Brunellesci, sem cominhos, sem açafrão, sem pimentos, sem Florença, sem carbono tratado, sem Brugges, sem o Panteão, sem Fellini, sem Kusturika, sem Tipografia, sem Roger Black, sem Wallpaper, sem Details, sem Soho, sem Ferdinand Porsche, sem Donna Karan, sem Eça, sem Ferreira de Castro, sem Tápies, sem aço, sem Anselm Kieffer, sem Clash, sem piri-piri, sem Human League, sem os clássicos gregos, russos, sem Ron Arad, sem endívias com queijo Feta, sem Yoji Yamamoto, sem gente a falar alemão no meu cérebro ( Nietsche, Kant, Egel, Kafka...), sem filosofia, sem lasers, sem Little Nemo in Slumberland, sem Bilal, sem Corto Maltese, sem laranja-fluo, sem espinafres, sem Moebius, sem Takeshi Kitano, sem Jazz, sem Folclore do Bali, sem Dante Gabriel Rossetti, sem wok, sem Oscar Wilde, sem fibra óptica, sem a Gulbenkian, sem Beau Brümmel, sem o Super-Homem, sem o Capitão América, o Surfista prateado... o Coisa...o Flash...o Duende-que-caminha...sem ironia, sem inteligência, sem um olhar crítico, sem néons, sem a ausência de luzes no tecto ( são para ficar ao nível dos olhos ou mais baixo ainda), sem botins pretos, sem preto em geral, sem Beckett, sem Jack London, sem tanta coisa e eu com tão pouca memória, olha: sem Alzeimer :-), sem numeração árabe, sem titânio, sem excelência...

Como é, então, substituir isto tudo?
Faço esta pergunta porque esta é uma pequena fracção da minha realidade cultural. Foi o que me lembrei, assim de repente.
Um Grupo de indivíduos como o Trio Odemira terá, sem dúvida, uma realidade completamente diferente, ou não fariam nada do que fazem para vender.

Trabalhei numa revista de música. Na altura foi entrevistado o cantor Pimba. Esse mesmo. Quem o entrevistou contou-me que ele não era nada daquilo e até era uma pessoa culta. Produzia aquele tipo de coisas porque dava dinheiro...
Mas este caso é diferente.
Vinte e cinco anos é muito tempo...
Agora a pergunta é: Qual é, essa realidade?
Eu nomeei algumas das coisas que deito para a minha fornalha. Alguém será capaz de me dizer o que deitam eles na sua?
Quero alargar os meus horizontes... depois de ver o que vi e ouvi no post abaixo desconfio que existe todo um mundo interessante a ser descoberto, O Pedro Almodóvar já lá andou. O Kusturika também. Eu também o faria, se tivesse hipótese, mas sempre aqui enfiado nas avenidas novas é difícil...

Vai uma ajudinha?

sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Verdadeira Poesia...

Andamos todos enganados pelas elites intelectuais.
A educação e a cultura são fraudes que não têm nada a ver com a realidade. Impingem-nos, como Poesia, Pessoa, Régio,
Eugénio de Andrade... e afinal, a Poesia... É ISTO...
...medo, muito medo...

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Buraka

Existe uma corrente no âmbito da Psicologia que defende que o desejo sexual no masculino, a vontade de penetrar, é um querer subliminar de voltar às origens: o útero materno... Diz-se que o ritmo sexual de cada homem tem a ver com o seu próprio ritmo cardíaco (nos atletas mais baixo que o habitual)... uma looonga corrida de fundo para quem tem estaleka...e Estaleka têm ESTES. Considero o melhor requinte o que nasce do nada, em oposição ao dos berços dourados, que se tende a perder em pullovers, pantufas e... sapatos que parecem pantufas... O que aqui está,
em nada se perde ...

terça-feira, 15 de abril de 2008

Religião e Moral

Lembro-me de há muitos séculos atrás frequentar aulas com esse nome.
Olhando para esses tempos longíquos, parecia-me que o propósito das mesmas seria o de moldar os indivíduos segundo os valores morais da altura.

E agora? Não há nada disso?

Encontramo-nos numa sociedade em aceleração e evolução progressiva, relativamente aos valores. Coisas que só líamos nas passagens da Biblía sobre Sodoma e Gomorra pertencem alegremente ao nosso quotidiano...O que é verdade hoje, não o é amanhã. As bizarrias de quinta feira são as realidades de segunda, e vice-versa. Compreendo que assim se torne difícil estabelecer padrões morais que prevaleçam durante um ano lectivo inteirinho, por isso...aulas de moral, já não fazem sentido.

Contudo vivemos numa sociedade com regras.
E como é que as mesmas se aprendem?

Vou dar-vos um exemplo que me pode a mim, envergonhar-me.
Quando se falava de impostos e eu ainda era demasiado novo para os pagar, a ideia que eu tinha sobre os mesmos era a de que no fim de cada ano cada indivíduo pagaria ao estado qualquer coisa como dezanove contos.
Parecia-me justo.
Contudo, a primeira vez que os paguei foi o momento da minha vida em que o termo injustiça foi mais sentido por mim: não compreendia, de todo, porque teria que dar aquela enorme quantidade de dinheiro à sociedade...não fazia, pura e simplesmente, sentido.

Julgo que faz falta uma disciplina nas escolas desde muito cedo que ensine as regras da sociedade e o porquê da sua existência, que estabeleça padrões comportamentais a seguir. Porque embora sejam os valores morais voláteis, o civismo, as obrigações e os direitos não o são...

Era também simpático transmitir uma noção alargada de cultura, ensinar as pessoas a vestir, a apreciar, a falar, a estar... a andar em público... Algo do género Etiqueta Básica 1.1...( Eu disse que tinha a solução, dois posts atrás...)

Passei por uma revolução, em Moçambique. O marxismo obrigava a uma reeducação em massa de toda uma sociedade. Vi isso acontecer. Lembro-me bem... E deixem-me afirmar que não é difícil executar uma lavagem cerebral em massa numa ditadura...

Não é necessário chegarmos a esse ponto.
Mas... lá que este povo precisa de padrões decentes... Digam lá que não...

domingo, 13 de abril de 2008

sábado, 12 de abril de 2008

Quanto mais observo o povo...

...mais adepto fico da Farda Única! O pessoal atavia-se mesmo mal... e não é só em Portugal...
Tenho a solução, claro, mas por enquanto, click> ficamos assim... Só me apetece correr atrás da malta de tesoura em punho... :-)

quinta-feira, 10 de abril de 2008

King Size

Somos todos monárquicos. Em continuaremos a sê-lo durante muito, muito tempo...
Está entranhado na nossa cultura, o conceito de dinastia.
Até nos nossos genes.

Vejamos: a natureza cozinhou tudo de forma a que, ao atingir a maturidade pudéssemos procriar. Dá-nos mais uns anitos para cuidar das crias e depois brinda-nos com um pontapé no cú. O que interessa é a dinastia genética...
Ginásios, spas, reikis e afins apenas representam uma luta contra essa realidade. Luta essa que vai ser ganha dentro de duas gerações.
Já se conhece o truque... é o Late Blooming biológico (tentado em moscas e a seguir em nós...) que talvez até represente o segredo da minha própria juventude — com 17 anos tive a minha primeira namorada a sério enquanto os meus amigos já tinham corrido o quarteirão das mesmas (foi uma vergonha até aparecerem os meus primeiros pelos)... Agora parecem todos estar com os pés para a cova e eu a começar. Qualquer dia sou pai outra vez... quem sabe...

Mas voltemos à monarquia... quando se fala de representatividade institucional não existe uma alternativa credível, pois o conceito de presidencialismo, nas suas variadas versões, é um remendo mal acabado...
A treta de que o poder dinástico vem de Deus já não funciona tão liminarmente, mas, se o pressuposto que tudo é divino for válido...

Contudo, é a vertente sociológica que me interessa abordar. Todo o imaginário está prenhe de imagens dinásticas. Chamamos Princesas a quem vimos como tal. Elvis era The King, não the President...
Os barões do PSD não são barões...mas tratam-nos assim. O Delfim do Jardim Gonçalves, numa luta dinástica retirou-se do trono, que foi ocupado por outro. Que se calhar gosta do Rei Pelé... E por falar em brasileirada lembro-me do Rei Momo. O Objectivo de quem lança um produto é atingir o topo: o trono. A Abelha que pariu é a Rainha. No Alien também havia uma.
...Qué queu sou? Qué queu sou? Qué queu sou? Qué queu sou?
Sois Rei! ...Sois Rei! ...Sois Rei!
It's Good To Be The King! E o Conde, ofende-se quando lhe chamam isso?
E duques? Só me saem é... Pois é, gostaria dum jogo de cartas em que presidentes, secretários, vices etc, substituissem valetes, damas e reis...
Os Ases eram os campeões da realeza...

E ser um Cavalheiro? Tem muito que se lhe diga, mas a base vem da Cavalaria, a Arma dos reis...

E tudo o que é Classe tem reis e rainhas: os cozinheiros, os espiões, os assassinos, os carpinteiros, as putas, os advogados...
...Sei lá, às tantas ocorrem-vos mais ainda...


E... qual é a senhora que não tem um certo fascínio por um King Size?


...A Mónica Lewinsky?...

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Danado para a brincadeira

Eu cá sou assim. Não me chamo Moisés porque acho um nome foleiro e está escrito em tudo o que é livro religioso...que é o livro potencialmente mais perigoso. SEM A MÍNIMA DÚVIDA!

terça-feira, 8 de abril de 2008

Jump!

Pois é. Tenho alguns anitos. Mas querem saber uma coisa? Nunca me senti tão bem.
Cheguei a uma altura da vida em que tudo se esclarece, em que as dúvidas se esbatem com um sorriso e em que se pode chegar a qualquer lado.
Mas isso sou eu. Talvez por viver de forma diferente da maioria. Eu explico: A maior parte das pessoas que têm a minha idade, envelhecem.
Eu não.
Recuso-me. Tenho consciência que o envelhecimento é pernicioso porque define.
Define tudo. O que existe de melhor em nós e o que existe de pior. Se somos chatos ficamos chatérrimos, se somos bonzinhos ficamos manteiga, derretemo-nos num líquido gorduroso...
Eu cá, tendo consciência disso, opto pela auto-análise e uma constante renovação...
Todos com a minha idade utilizam termos do género: "pois, não estamos a ficar mais novos", ou "É a PDI..." ou coisas assim. Fujo dessas tretas como o diabo da cruz. Fico estupefacto quando o ouço, e sem dúvida que não me revejo, de todo, em tal degradação. E como poderia? Tenho uma saúde de ferro, alimento-me com cuidado, sou viciado em exercício, adoro transpirar, tento viver nos meus dias em termos culturais, dá-me prazer. Tenho um andar e um olhar felino e uma presença agressiva. Passividade, não!... nop!
Não utilizo frases como "no meu tempo...". O meu tempo é agora. Ouço o pop de agora, curto a moda de agora, olho até para o futuro, tentando adivinhá-lo, o que amiúde acontece (é outras das vantagens da experiência, adquirir a magia do vislumbre...).
Talvez seja por isso que, à excepção de alguns cabelos brancos que acho que me ficam a matar, pareço ser dez, e às vezes quinze anos mais novo.
Tenho uma filha adolescente que adora a minha companhia porque falamos a mesma linguagem e porque comigo ela enriquece, mostrando-lhe eu coisas que ela não descobre no seu círculo de amigos, como cinema de vanguarda e as mais recentes manifestações artísticas, explicando-lhe tudo duma forma divertida. E até nas coisas do passado, eu com cuidado e maestria faço situar na realidade do seu presente. Além disso, é cool ter um pai cool...
Pode ser que um dia este meu estado se altere, pois tudo é possível. Embora, olhando para os exemplos da minha família, não o creia. Não existem velhas gaiteiras nem nada disso, apenas pessoal activo e vivo, com carisma e uma saudável dose da tal "loucura". Os mais novos, ficam satisfeitos com o que os espera, olhando para nós...

Sei que muitos que me lêm têm menos uns anitos. Talvez este texto vos ajude daqui a uns anos a fazer-vos sentir tão bem como me sinto comigo mesmo.
O meu tempo é agora!

domingo, 6 de abril de 2008

Mitos

Dois anos sem chatices. Adoro mitos desfeitos. Se fosse a ouvir as vozes da desgraça... Trabalhei em revistas de automóveis e não acreditavam... Mas na verdade o que gosto é de motos e coisas que ainda não apareceram por aí... mas já deviam ter aparecido.

Vinicius

Não aprecio particularmente música brasileira.
Sim, eu sei. É imperdoável. Muita coisa boa...
Mas Vinicius é Vinicius. Esta canção, em particular, gosto de a ouvir em dias de muita chuva e frio...
Se este post aparecesse num desses dias, seria estranho...

Lembrei-me por causa do "diz-que-diz que macio, que brota dos coqueirais"...abaixo

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Os oásis

Sartre escreveu que o inferno eram os outros.
Quando o fez, a vida corria-lhe bem na certa. Só se pode exibir melancolia e pessimismo quando tudo está bem.
As músicas mais tristes que alcançam os tops fazem-no em alturas de prosperidade... é a poesia do paradoxo...

Eu, em relação aos outros, escolhidos, prefiro pensar neles como um oásis. E hei-de continuar nisso...

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Boa noite

Boa noite. Hoje às tantas horas, em tal sítio, aconteceu tal desgraça.

Antes disso, o senhor que apareceu no ecrã trocou umas piadas com os colegas depois de passar pela maquilhagem onde o cobriram com uma camada da gravidade com a qual abriu o jornal televisivo ao denunciar a desgraça. Seguiu-se a descrição de outra, transmitida pela colega do lado em linguagem televisiva, que é uma forma de comunicação com quinze anos no nosso país e que se traduz em linguagem jornalística em formato comercial.
Desde que o jornalismo se transformou num negócio passou a rémora e a publicidade a tubarão. Dantes era o contrário. Lembro-me até, de na escola, aprender que a linguagem jornalística primava pela objectividade, o que é algo que não se ajusta ao que observamos.
E as notícias? Caramba! Parece que nunca o mundo, por nunca ter visto tanta desgraça, também não a teve...
Lembro-me dum programa do Howard Stern em que ele entrevistava uma actriz porno. Perguntou-lhe se havia algo que a tinha marcado, tipo... sexo durante a infância. Ela retorquiu que sim, tinha-o tido, sem penetração, mas que tinha achado graça e que não tinha sido aquilo que a empurrou para aquela carreira. Sim tinha achado graça, com uma idade diminuta, e depois perguntou: qual o espanto? O sexo não é bom?
Lembro-me da minha primeira experiência sexual. Obrigavam-me a dormir a sesta e era sempre uma criada, adolescente, que me "sossegava", para eu dormir. Uma delas resolveu manipular o meu sexo embora eu apenas tivesse seis anos... Não, não fiquei traumatizado, achei graça na altura. Não percebia era porque é que ela não me deixava fazer o mesmo.
Um dia tramei-a: enfiei a mão rápidamente e senti o equivalente a palha de aço. Fiquei confuso, mas não traumatizado...
Pedofilia, inventaram o termo nos telejornais. Sempre houve e sempre haverá, a diferença é que alguém agora ganha dinheiro quando utiliza a palavra, porque ela vende...
Inventam termos para cada tipo de desgraça, carjacking, bullying etc. Parece um manual de Marketing.

Hoje escrevi, a pedido, um editorial. Também sou jornalista, agora. Escrevi no feminino porque a directora é mulher:

"É tão bom ouvir boas notícias!
Eu pelo menos fico satisfeita por saber que a realidade de todos os dias não se resume a tudo o que de mau e desagradável abre os noticiários...
Gosto, por exemplo, de saber que uma das maiores empresas a nível mundial num determinado âmbito, afinal é nossa e nascida dentro da tradição de “uma casa portuguesa” ...
E que também temos Salões Automóveis onde, toda a gente pode conduzir um F1 virtual a partir de um simulador...
E que foi lançada uma nova Linha para o Lar inspirada em girassóis porque “...o girassol lembra a primavera, o sol, a vida.”...
E que existem espantosas calculadoras que funcionam a água!
E, melhor que descobrir, melhor que saber tudo isto, é dar a conhecê-lo. É publicá-lo.
É assim, com esta enorme satisfação, que apresentamos o primeiro número do... bla bla bla..."

A desgraça vende.
O problema é o efeito que ela tem na sociedade, deprimindo-nos cada vez mais.
Pois.
Não é só a nossa vida difícil. É a luz ao fundo do túnel que os media teimam em distanciar, para encher mais os bolsos na guerra de audiências.

O Palco do Impossível

Click!>Acontece de tudo no asfalto, o palco do impossível dos tempos modernos...